O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Camboja. Cãboja 112(1).

Nas orações: 1500.

  1. [1500](Cap. 112) E esta seita com todas as mais que se achão neste barbarismo da China, que, segundo eu soube delles, & ja disse algũas vezes, saõ trinta & duas, vieraõ do reyno de Pegù ter a Sião, & daly por sacerdotes & cabizondos se espalharaõ por toda a terra firme de Cãboja, Champaa, Laos, Gucos, Pafuas, Chiammay, imperio de Vzanguee, & Cauchenchina, & pelo arcipelago das ilhas de Ainão, Lequios, & Iapaõ, ate os confins do Miacoo & Bandou, de maneyra que a peçonha destes erpes corrõpeo tamanha parte do mũdo como a maldita seita de Mafamede.

Camboja 39(2), 92(1), 179(1), 184(1), 185(1), 189(1).

Nas orações: 460, 463, 1134, 2669, 2761, 2764, 2820.

  1. [460](Cap. 39) E auendo ja sete dias que velejauamos por nossa derrota, ouuemos vista de hũa ilha que se dizia Pullo Condor em altura de oito graos & hum terço da parte do norte, & quasi noroeste sueste com a barra de Camboja, & rodeandoa por todas as partes, descubrimos ao rumo de leste hum bom surgidouro que se chamaua Bralapisaõ, que demoraua da terra firme pouco mais de seis legoas, no qual achamos hũ junco de Lequios que hia para o reyno de Sião, com hum Embaixador do Nautaquim de Lindau, Principe da ilha da Tosa, em altura de trinta & seis graos, o qual em nos vendo se fez logo a vella.
  2. [463](Cap. 39) Desembarcando nós aquy nesta ilha, estiuemos nella tres dias fazẽdo nossa agoada, & pescando infinidade de sargos & coruinas que nella auia, no fim dos quais fomos demandar a costa da terra firme, em busca de hum rio que se chamaua Pullo Cambim, que diuide o senhorio de Camboja do reyno de Champaa em altura de noue graos, & chegando a elle hum Domingo derradeyro dia de Mayo, foy o Piloto surgir tres legoas por elle dentro, defronte de hũa pouoação grande, que se chamaua Catimparù, na qual pacificamente, & por concerto de boa amizade estiuemos doze dias, em que nos prouemos abastadamente de todo o necessario.
  3. [1134](Cap. 92) Este, sendo algũas vezes requerido pelos principaes do reyno ou senhorio que então era, que se casasse, se escusou sempre, dando por desculpa algũas razoẽs que os seus lhe não aceitarão, antes incitados & estimulados pela mãy, não desistindo do requerimento, apertarão tanto com elle, que elle por se escusar de fazer o que não era sua vontade, com tẽção de legitimar o filho mais velho que tinha da Nancaa, & deixarlhe o reyno, se meteo em religião em hum templo que se chamaua Gizom, que segundo parece foy idolo & seita que tiuerão os Romanos, o qual oje em dia ha neste imperio da China, na ilha do Iapão, na Cauchenchina, em Camboja, & em Sião, do qual nestas terras eu vy muytas casas, & declarando no seu testamento que era esta sua vltima vontade, a Raynha sua mãy que naquelle tempo era viuua, & de idade de cinquenta annos, o não consentio, dizendo, que ja que seu filho queria morrer na religião que tinha professado, & deixar o reyno sem legitimo erdeyro, ella queria dar remedio a este tamanho desmancho; & logo se casou com hum seu sacerdote por nome Silau, de idade de vinte & seis annos, & o fez a pesar de muytos jurar por Rey.
  4. [2669](Cap. 179) E auendo ja vinte & seis dias que trabalhosamente vellejauamos por nossa derrota, ouuemos vista de hũa ilha que se dezia Pullo Condor, a qual nos distaua em altura de oito graos & hum terço Noroeste Sueste com a barra do reyno Camboja, & sendo ja quasi tanto auante como ella nos deu hum tempo do Sul de tormenta de ventos tão impetuosa, que de todo estiuemos perdidos, & vindo correndo com elle a aruore seca, vimos a ilha de Lingua, onde a tormenta nos saltou a Loes sudueste com hum vento tão rijo de escarceo & mares cruzados, que por nenhum modo nos podiamos aproueitar de vella nenhũa; & receosos nos das restingas & baixos que nos demoraurão por proa; pairamos co nauio de mar em traués até que despois de hum grande espaço nos abrio pela sobrequilha de popa, com noue palmos dagoa na primeyra cuberta, pelo que vẽdo nôs a morte jâ tão abraçada com nosco, nos foy forçado cortarmos ambos os mastos, & alijarmos toda a fazenda ao mar, com que o junco ficou algum tanto mais desafogado.
  5. [2761](Cap. 184) E feito isto se casou co Vcunchenirat que fora seu comprador, & o fez leuantar por Rey nesta cidade a onze dias de Nouembro do anno de 1545. & aos dous dias de Ianeyro do anno seguinte de 1546. foraõ ambos mortos pelo Oyaa Passiloco, & pelo Rey de Camboja, em hum certo banquete que estes principes deraõ em hum templo que se dezia Quiay Figrau, deos dos atomos do sol, cuja inuocaçaõ se celebraua aquelle dia.
  6. [2764](Cap. 185) Por quanto neste tempo, despois da morte desta má Raynha & do seu amigo, ficara este imperio sem herdeyro nem successor a que por linha direyta pertencesse a coroa delle, ordenaraõ estes dous senhores o Oyaa Passiloco, & o Rey de Camboja (que neste tempo era ainda mais que duque) com mais outros quatro ou cinco que ainda auia dos leais, que fosse Rey hũ religioso chamado Pretiem, porque era irmão bastardo do Rey morto, marido que fora daquella mâ Raynha, o qual auia trinta annos que estaua metido em religião por talagrepo de hum pagode que se dezia Quiay Mitreu.
  7. [2820](Cap. 189) Nos matos da costa tem muito brasil, & pao preto, de que todos os annos se carregão mais de cem jũcos para a China, Ainão, Lequios, Camboja, & Chãpá, & tẽ mais muita cera, mel, & açucar.

(2) Objecto geográfico interpretado

Reino (senhorio, barra). Parte de: Indochina.

Referente contemporâneo: Kingdom of Cambodia, Cambodia (AS). Lat. 13.000000, long. 105.000000.

Reino. DHDP refere como reino de montanha e dá coordenadas 14º N 104º E. FMP menciona por primeira vez desde o mar: a ‘barra de Camboja’. GT s.v. Camboja, rio: Mekong. Para FMP o rio Pullo Cambim divide o senhorio de Camboja do reino de Champaa.

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