O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Chaleu. Chalẽs 153(1).

Nas orações: 2184.

  1. [2184](Cap. 153) E seguindo daquy sua derrota por hum grande rio de agoa doce de mais de hũa legoa em largo, que se dezia Pichau malacou, surgio á vista do Prom a treze de Abril, & por espias que aquella noite se tomaraõ teue por nouas que o Rey era morto, & que por sua morte lhe socedera no reyno hum seu filho moço de treze annos, o qual, seu pay, antes que morresse, casara com hũa sua cunhada irmam de sua molher, & tia do mesmo moço, & filha do Rey do Auaa; & esta sabendo da vinda do Bramaa sobre esta sua cidade do Prom, mandara logo pedir socorro a el Rey seu pay, o qual se affirmaua que mandaua hum seu filho irmão da Raynha, cõ hũa armada em que vinhão sessẽta mil Moẽs, & Tarees, & Chalẽs, gente escolhida, & muyto determinada na guerra, com a qual noua o Rey Bramaa se deu muyta pressa, determinando de tomar a cidade antes que o socorro viesse, & desembarcando em hum campo que se dezia Meigauotau, duas legoas abaixo da cidade, se esteue nelle preparando de tudo o que lhe era necessario por espaço de cinco dias.

Chaleu 107(1), 114(1), 150(1), 157(1), 165(1).

Nas orações: 1402, 1523, 2114, 2232, 2417.

  1. [1402](Cap. 107) Esta cidade do Pequim de que promety dar mais algũa informaçaõ da que tenho dada, he de tal maneyra, & tais saõ todas as cousas della, que quasi me arrependo do que tenho prometido, porque realmente não sey por onde comece a cumprir minha promessa, porque se não ha de imaginar que he ella hũa Roma, hũa Constantinopla, hũa Veneza, hum Paris, hum Londres, hũa Seuilha, hũa Lisboa, nem nenhũa de quantas cidades insignes ha na Europa por mais famosas & populosas que sejão, nem fora da Europa se ha de imaginar que he como o Cairo no Egypto, Taurys na Persia, Amadabad em Cambaya, Bisnagà em Narsinga, o Gouro em Bẽgala, o Auaa no Chaleu, Timplaõ no Calaminhan, Martauão & Bagou em Pegù, ou Guimpel & Tinlau no Siammon, Odiaa no Sornau, Passaruão & Demaa na ilha da Iaoa, Pangor no Lequîo, Vzanguee no graõ Cauchim, Lançame na Tartaria, & Miocoo em Iapaõ, as quais cidades todas saõ metropolis de grandes reynos, porque ousarey a affirmar que todas estas se não podem comparar com a mais pequena cousa deste grãde Pequim, quanto mais com toda a grandeza & sumptuosidade que tem em todas as suas cousas, como saõ soberbos edificios, infinita riqueza, sobejissima fartura & abastança de todas as cousas necessarias, gente, trato, & embarcaçoẽs sem conto, justiça, gouerno, corte pacífica, estado de Tutoẽs, Chaẽs, Anchacys, Aytaos, Puchancys, & Bracaloẽs, porque todos estes gouernão reynos & prouincias muyto grandes, & cõ ordenados grossissimos, os quais residem continuamente nesta cidade, ou outros em seu nome, quando por casos que soccedem se mandão pelo reyno a negocios de importancia.
  2. [1523](Cap. 114) E abaixo destes doze ha quarẽta Chaẽs, que saõ como Visorreys, a fora outras muitas dignidades mais inferiores, que saõ como Regedores, Gouernadores, Veadores da fazenda, Almirantes, Capitaẽs mores, que se nomeão por Anchacys, Aytaos, Põchacys, Lauteaas, & Chũbins, os quais todos ainda que nesta cidade, que he a corte, saõ mais de quinhentos, nenhum traz estado de menos de duzentos homẽs, & os mais delles, para mayor espanto, saõ gentes estrangeyras de diuersas naçoẽs, dos quais a mayor parte saõ Mogores, Persios, Coraçones, Moẽs, Calaminhãs, Tartaros, & Cauchins, & algũs Bramaas, do Chaleu & Tanguu, porque dos naturais não fazem conta por ser gente fraca, & para pouco, inda que muyto habiles & engenhosos em todo o negocio mecanico, & de agriculturas, & arquiteitos de engenho muyto viuo, & inuẽtores de cousas muito sotis & artificiosas.
  3. [2114](Cap. 150) Sendo ja quasi a hũa hora despois do meyo dia se tirou hũa bombarda, ao qual sinal as portas da cidade foraõ logo abertas, & primeyro que tudo começou a sayr a guarda que el Rey o dia dantes lhe mandara pòr, que erão quatro mil Sioẽs & Bramaas, todos arcabuzeyros, & alabardeyros, & piqueyros, com mais trezẽtos elifantes armados, de que era Capitão hũ Bramaa tio del Rey por nome Mõpocasser, Bainhaa da cidade de Meleitay no reyno do Chaleu.
  4. [2232](Cap. 157) Isto feito, o tyranno Bramaa despois de fortalecer a cidade do Prom, & esta fortaleza do Meleytay, & criar de nouo outras duas fortalezas á borda do rio, em lugares importantes à segurança daquelle reyno, se partio em mil seroos ligeyros de remo pelo rio de Queitor acima, nos quais leuou setenta mil homẽs, com determinação de yr em pessoa espiar o reyno do Auaa, & dar de sy hũa mostra à cidade, para ver cos olhos as forças della, & que poder aueria myster para a tomar, & a cabo de vinte & oito dias deste caminho, dentro nos quais passou por lugares muyto nobres do Rey do Chaleu, & Iacuçalão que estauão â borda da agoa, sem tratar de nenhum delles, chegou a esta cidade do Auaa aos treze dias de Outubro deste mesmo anno de 1545. sobre o porto da qual esteue treze dias sem fazer mais dano que somente queimar duas ou tres mil embarcaçoẽs de seruiço que achou no porto, & pòr fogo a algũas aldeas que ao redor estauão, o que lhe não custou tão barato, que não chegasse a despeza destes saltos a oito mil dos seus, em que entraraõ sessenta & dous Portugueses, porque ja neste tempo que aquy chegamos estaua tudo muyto bẽ prouido, & a cidade alẽ de ser forte, assi por sitio como por fortificação, estaua apercebida de vinte mil Moẽs, dos quais se dezia que auia sós cinco dias que erão chegados dos montes de Pondaleu, onde o Rey do Auaa, com licença do do Siammon Emperador desta Monarchia, ficaua fazendo mais oitenta mil homẽs para tornar a ganhar o Prom, porque sendo este Rey do Auaa certificado da deshonra & morte de sua filha & de seu genro, como atras fica dito, & vendo que por sy não era poderoso para se satisfazer das offensas & males que este tyranno lhe tinha feitos, & segurarse dos que temia que ao diante lhe fizesse, que era tomarlhe o reyno, de que algũas vezes o tinha jâ ameaçado, se foy em pessoa com sua molher & seus filhos lançar aos peis deste Siammon, & dandolhe conta dos seus trabalhos & afrontas, & do proposito que leuaua, por hum concerto feito entre ambos se fez seu tributario em seiscentas mil biças cada anno, que da nossa moeda saõ trezentos mil cruzados, & hũa guanta de rubis, que he hũa medida como canada, para hũa joya de sua molher, do qual tributo dizem que lhe fez logo pagamento por dez annos dante mão, a fora outras peitas de pedraria muyto rica, & baixellas & peças que valerião mais de dous contos douro.
  5. [2417](Cap. 165) O reyno de Pegù tem de costa cento & quarẽta legoas, a qual estâ em dezasseis graos da banda do Sul, & pelo amago do sertaõ ao rumo de Leste, tẽ cento & trinta legoas, por cima do qual estâ cingido de hũa grande faixa de terra por nome Panguassirau, em que habita a nação Bramaa, que tem oitẽta legoas de largo, & duzẽtas de comprido, cuja monarchia foy antigamente toda hũ sò reyno, & agora o não he, porque está diuidida em treze estados de senhores que se leuãtaraõ com elles, matando primeyro o Rey com peçonha em hũ banquete que lhe deraõ na cidade Chaleu, segundo se conta nas suas historias.

Chaleus 149(1), 153(1), 186(1), 194(1).

Nas orações: 2111, 2181, 2781, 2924.

  1. [2111](Cap. 149) E querendo este Rey Bramaa por grandeza de estado festejar esta entrega do Chaubainhaa, mandou que todos os capitaẽs estrangeyros com sua gente armada & vestida de festa se pusessem em duas fileyras a modo de rua para vir por ella o Chaubainhaa, o que logo foy feito, & esta rua tomaua desda porta da cidade até a sua tenda que seria distancia de dous terços de legoa, na qual rua estauão trinta & seys mil estrangeyros, de quarenta & duas naçoẽs, em que auia Portugueses, Gregos, Venezeanos, Turcos, Ianiçaros, Iudeus, Armenios, Tartaros, Mogores, Abexins, Raizbutos, Nobins, Coraçones, Persas, Tuparaas, Gizares, Tanocos da Arabia Felix, Malauares, Iaos, Achẽs, Moẽs, Siames, Lusoẽs da ilha Borneo, Chacomaas, Arracoẽs, Predins, Papuaas, Selebres, Mindanaos, Pegùs, Bramâs, Chaloẽs, Iaquesaloẽs, Sauadis, Tãgus, Calaminhãs, Chaleus, Andamoens, Bengalas, Guzarates, Andraguirees, Menancabos, & outros muytos mais a que não soube os nomes.
  2. [2181](Cap. 153) E porque ja neste tempo tinha atoardas que o Rey do Auaa, confederado cos Sauadijs, & Chaleus daua entrada ao Siammon (que pelo sertão destes reynos confina a Loeste & a Loesnoroeste co Calaminhan Emperador da força bruta dos elifantes da terra, como adiante declararey quando tratar delle) para que tomasse as fortalezas do reyno Tanguu a este Bramaa, elle como bom capitão & muyto pratico & astuto nas cousas da guerra, mandou logo primeyro que tudo prouer bem de gente & de todo o necessario as principaes quatro forças que tinha, & de que mais se arreceaua.
  3. [2781](Cap. 186) El Rey, que a este tẽpo andaua esforçando os seus, vendo o mao successo daquelle cometimento, mandou retirar a estes, & de nouo tornou acometer o muro com a força dos cinco mil elifantes de guerra que trazia, postos em vinte companhias, de duzentos & cinquẽta cada companhia, nos quais hião vinte mil Moẽs, & Chaleus, gente muito escolhida, & que tem as pagas dobradas.
  4. [2924](Cap. 194) E aos noue dias de Março do anno de 1552. abalou do Tanguu, que era a sua patria, com hum exercito de trezentos mil homẽs, de que os cinquenta mil sómente eraõ Bramaas, & todos os mais eraõ Moẽs, Chaleus, Calaminhás, Sauadis, Pamcrùs, & Auaas: assi que destas seis naçoẽs era a mayor parte de toda esta gente, as quais habitaõ pelos rumos de Leste & Lesnordeste o sertão destes reynos, em distancia de mais de quinhentas legoas, como se pode ver num mapa, se a sua graduação estiuer verdadeyra.

Chaloẽs 149(1), 195(1).

Nas orações: 2111, 2948.

  1. [2111](Cap. 149) E querendo este Rey Bramaa por grandeza de estado festejar esta entrega do Chaubainhaa, mandou que todos os capitaẽs estrangeyros com sua gente armada & vestida de festa se pusessem em duas fileyras a modo de rua para vir por ella o Chaubainhaa, o que logo foy feito, & esta rua tomaua desda porta da cidade até a sua tenda que seria distancia de dous terços de legoa, na qual rua estauão trinta & seys mil estrangeyros, de quarenta & duas naçoẽs, em que auia Portugueses, Gregos, Venezeanos, Turcos, Ianiçaros, Iudeus, Armenios, Tartaros, Mogores, Abexins, Raizbutos, Nobins, Coraçones, Persas, Tuparaas, Gizares, Tanocos da Arabia Felix, Malauares, Iaos, Achẽs, Moẽs, Siames, Lusoẽs da ilha Borneo, Chacomaas, Arracoẽs, Predins, Papuaas, Selebres, Mindanaos, Pegùs, Bramâs, Chaloẽs, Iaquesaloẽs, Sauadis, Tãgus, Calaminhãs, Chaleus, Andamoens, Bengalas, Guzarates, Andraguirees, Menancabos, & outros muytos mais a que não soube os nomes.
  2. [2948](Cap. 195) Hum mao homem da nação de vosoutros, botando hũa faisca do seu infernal peito, bafejada pela fornalha da maldita discordia, amotinou tres naçoẽs estrangeyras de Chaloẽs, Meleitais, & Sauadis, no cãpo del Rey meu senhor, de que foy causa a maldade & a cubiça do amutinador & dos amotinados, & o mal que daquy resultou chegou a tanto, que o cãpo esteue quasi de todo perdido, cõ morte de tres mil Bramaas, & a pessoa real se vio posta em tanto trabalho & perigo, que lhe foy necessario retirarse para hũ forte, no qual esteue tres dias, & inda agora fica nelle sem ousar de se fiar de nenhũa nação estrangeyra.

(2) Objecto geográfico interpretado

Reino (cidade). Parte de: Indico Oriental.

Referente contemporâneo: Salin, Myanmar [Burma] (AS). Lat. 20.579230, long. 94.658340.

Reino, gentílico. GT reino segundo FMP na Birmânia central. O reino Chaleu é parte do Bramaa (276ii). Meleitai, a dezoito léguas do Prom é referida como cidade do Chaleu (395i). Também Avaa é citada como cidade de este reino (257ii).

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