O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Çunda. Çũda 26(1), 178(1), 215(1).

Nas orações: 306, 2650, 3378.

  1. [306](Cap. 26) Este tyrãno Rey Achem foy aconselhado pelos seus, que se queria tomar Malaca, por nenhũa maneyra o poderia fazer cometendoa de mar em fora, como ja por seis vezes tinha tentado no tẽpo de dom Esteuão da Gama, & de outros Capitaẽs atras passados, senão com se fazer primeyro senhor deste reyno de Aarù, & se fortificar no rio de Paneticão, donde as suas armadas podiaõ continuar de mais perto a guerra que lhe pretendia fazer, porque então ficaua muyto pouco custoso fechar os estreitos de Cincapura & de Sabaom, & tolher que as nossas naos passassẽ ao mar da China, & Çũda, & Bãda, & Maluco, por cujo respeito poderia tambem facilmente auer á mão toda a drogaria daquelle arcipelago, para ficar assi effeituado o nouo contrato que por meyo do Baxà do Cayro tinha assẽtado co Turco.
  2. [2650](Cap. 178) Tanto que o corpo del Rey foy leuado ao jũco onde o enterraraõ, o nosso Rey da Çũda general do cãpo mandou logo embarcar a artilharia & moniçoẽs, & por em recado toda a recamara del Rey, & todo o tisouro que estaua nas tẽdas, & cõ quãto isto se fez cõ toda a pressa & silencio que cõuinha, nẽ isso bastou para os inimigos deixarẽ de sentir o que elles fazião.
  3. [3378](Cap. 215) Chegados com esta determinação a Malaca, o padre se embarcou logo daly para a India, & Diogo Pereyra ficou com a nao em Malaca para yr à Çũda carregar de pimenta, & mandou em companhia do padre hum Francisco de Caminha seu feitor com trinta mil cruzados em almizcre & seda para se comprar delles todo o necessario.

Çunda 26(1), 46(1), 55(1), 57(2), 66(1), 172(5), 173(3), 174(1), 175(1), 176(3), 179(3), 180(1), 181(3), 220(1).

Nas orações: 302, 561, 674, 689, 690, 800, 2578, 2579, 2580, 2582, 2591, 2593, 2596, 2610, 2613, 2629, 2631, 2632, 2660, 2664, 2667, 2682, 2683, 2684, 2686, 3467.

  1. [302](Cap. 26) Porem antes que trate de outra cousa me pareceo necessario dar relaçaõ do fim que teue esta guerra dos Achẽs, & em que parou o aparato da sua armada, paraque fique entendida a razão do pronostico, & do receyo em que tantas vezes cõ gemidos & suspiros tenho apontado por parte da nossa Malaca, tão importãte ao estado da India, quanto (ao que parece) esquecida daquelles de quẽ com razão diuera ser mais lẽbrada, porque entẽdo que por via de razão, de duas ha de ser hũa, ou destruyrse este Achẽ, ou por seu respeito virmos nos a perder toda a banda do Sul, como he Malaca, Banda, Maluco, Çunda, Borneo, & Timor, a fora no Norte, a China, Iapaõ, Lequios, & outras muytas terras & portos em que a nação Portuguesa, por seus tratos & comercios tem mais importante & mais certo remedio de vida que em todas as outras quantas saõ descubertas do cabo de boa esperança para diante, cuja grandeza he tamanha que se estende a terra por costa em distãcia de mais de tres mil legoas, como se poderâ ver nos mapas & cartas que disso tratão, se sua graduação estiuer na verdade.
  2. [561](Cap. 46) E partido daly se fora ao porto de Liãpoo, onde aquelle anno fizera fazenda, & receoso de yr a Patane por causa dos Portugueses que lâ residiaõ, se fora inuernar a Siaõ, & o anno seguinte se tornara ao porto do Chincheo, onde tomara hum junco pequeno cõ dez Portugueses, que vinha da Çunda, & os matara a todos.
  3. [674](Cap. 55) Nisto gastamos, como ja disse, quinze dias nesta ilha, nos quais os enfermos cõualeceraõ de todo, & nos partimos na via do reyno de Liampoo, onde tinhamos por nouas que auia muyta gente Portuguesa, que ahy era vinda de Malaca, de Çunda, de Sião, & de Patane, a qual toda naquelle tempo aly custumaua de vir inuernar.
  4. [689](Cap. 57) Partidos nos deste rio de Anay muyto bem apercebidos de tudo o necessario para a viagem que estaua determinado fazerse, pareceo bem a Antonio de Faria por conselho do Quiay Panjão, de que sempre fez muyto caso, pelo conseruar em sua amizade, yr surgir no porto do Chincheo, para ahy se informar pelos Portugueses que eraõ vindos da Çunda, de Malaca, de Timor, & de Patane, de algũas cousas necessarias a seu proposito, & se tinhão nouas de Liampoo, porque se soaua então pela terra que era la ida hũa armada de quatrocentos juncos, em que hião cem mil homẽs por mandado del Rey da China a prender os nossos que là residião dassẽto, & queimarlhe as naos, & as pouoaçoẽs, porque os não queria em sua terra, por ser informado nouamente que não eraõ elles gente taõ fiel & pacifica como antes lhe tinhaõ dito.
  5. [690](Cap. 57) Chegados nòs ao porto do Chincheo achamos ahy cinco naos de Portugueses que auia ja hũ mès que eraõ chegadas destas partes que disse, dos quais fomos muyto bem recebidos & agasalhados com muyta festa & contentamento, & despois que nos deraõ nouas da terra, & da mercancia, & da paz & quietaçaõ do porto, nos disseraõ que de Liampoo nao sabião nada, mais que dizeremlhe os Chins, que auia là muytos Portugueses de inuernada, & outros vindos nouamente de Malaca, da Çunda, de Sião, & de Patane, & que fazião na terra suas fazendas pacificamente, & que a armada grossa de que nos temiamos, não era là, mas que se presumia que era ida âs ilhas do Goto em socorro do Sucão de Pontir, aquẽ se dezia que hum seu cunhado tyrannicamente tinha tomado o reyno, & porque este Sucão se fizera nouamẽte subdito do Rey da China, com tributo de cem mil taeis cada anno lhe dera aquella armada dos quatrocẽtos juncos, em que se affirmaua que hião cem mil homẽs para o meterẽ de posse do reyno ou senhorio que lhe tinhão tomado; com a qual noua todos ficamos descançados, & demos por isso muytas graças a nosso Senhor.
  6. [800](Cap. 66) Partidos nòs daquy deste porto de Nouday, auendo ja cinco dias que vellejauamos por entre as ilhas de Comolem & a terra firme, hum sabbado ao meyo dia nos veyo cometer hum ladraõ por nome Prematà Gundel, grandissimo inimigo da naçaõ Portuguesa, & a quem ja por vezes tinha feito muyto dano, assi em Patane, como em Çunda, & Sião, & nas mais partes onde acertaua de os achar a seu proposito, & parecendolhe que eramos Chins, nos cometeo com dous juncos muyto grandes, em que trazia duzentos homẽs de peleja, a fora a esquipação da mareagem das vellas, & aferrando hum delles o junco de Mem Taborda, o teue quasi rendido, porem o Quiay Panjaõ, que hia hum pouco mais ao mar, vendoo daquella maneyra voltou sobre elle, & abalroou o junco do inimigo assi infunado como vinha, & tomãdoo pela quadra destibordo, lhe deu tamanha pancada que ambos aly logo se foraõ ao fundo, com que o Mem Taborda ficou liure do perigo em que estaua; a isto acudiraõ com muyta pressa tres lorchas nossas que Antonio de Faria leuara do porto de Nouday, & quis nosso Senhor que chegando ellas saluaraõ a mayor parte da nossa gente, & os da parte contraria se afogaraõ todos.
  7. [2578](Cap. 172) Como da India me fuy para a Çunda, & do que lâ passou num inuerno que ahy estiue.
  8. [2579](Cap. 172) Embarcãdome eu aquy em Goa em hum junco de Pero de Faria que de veniaga hia para a Çunda, cheguey a Malaca no dia que falleceo Ruy Vaz Pereyra Marramaque, capitão que então era da fortaleza.
  9. [2580](Cap. 172) E partindo daquy para a Çunda, em dezassete dias cheguey ao porto de Banta, que he onde comummente os Portugueses fazem sua fazenda.
  10. [2582](Cap. 172) E auendo já quasi dous meses que estauamos neste porto fazendo pacificamente nossas mercancias na terra, veyo ter a ella por mandado del Rey de Demaa, Emperador de toda a ilha da Iaoa, Angenia, Bale, & Madura, cõ todas as mais ilhas deste arcipelago, hũa molher que se chamaua Nhay Pombaya; dona viuua de quasi sessenta annos de idade, a qual vinha de sua parte dar recado ao Tagaril Rey da Çunda, que tambem era seu vassallo como os mais Reys desta monarchia, paraque pessoalmẽte, em termo de més & meyo fosse ter com elle â cidade de Iapara onde então se fazia prestes para yr sobre o reyno de Passeruão.
  11. [2591](Cap. 172) A Nhay Pombaya que trouxe o recado ao Rey da Çunda que eu atras disse, despois que negoceou com elle o a que vinha, se partio logo desta cidade de Banta, & el Rey se fez prestes com muyta breuidade, & se partio com hũa armada de trinta calaluzes, & dez jurupangos, bem apercebida de mantimentos & muniçoẽs, nas quais quarenta vellas hião sete mil homẽs de peleja, a fora a chuzma do remo, & hião nesta companhia quarenta Portugueses dos quarenta & seis que então ahy nos achamos, porque por isso nos fez muytas ventagẽs em nossas fazẽdas, & confessou publicamente que leuaua gosto disso, por onde não ouue razão com que nos pudessemos escusar.
  12. [2593](Cap. 173) Partido este Rey da Çunda deste porto de Banta a cinco dias do més de Ianeyro do anno de 1546. chegou aos dezanoue à cidade de Iapara, onde o Rey de Demaa Emperador desta ilha Iaoa então se estaua fazendo prestes com hum exercito de oitocentos mil homẽs, o qual sabendo da vinda deste Rey da Çunda, que era seu cunhado & seu vassallo, o mandou receber á embarcação por el Rey de Panaruca Almirante da frota, o qual leuou comsigo cento & sessenta calaluzes de remo, & nouenta lancharas de Lusoẽs da ilha Borneo, & com toda esta companhia o trouxe onde el Rey estaua, do qual foy muyto bem recebido, & com honras muyto auãtajadas de todos os outros.
  13. [2596](Cap. 173) O Rey da Çunda seu cunhado, que era general do campo, abalou por terra cõ a mayor parte da gente, & despois de serem todos chegados ao lugar onde se auia de assentar o campo, que era defronte dos muros, se entendeo primeyro que tudo na fortificação delle, & em ordenarem as estancias para a artilharia com que se auião de bater os lugares mais acomodados a seu proposito, no qual trabalho se gastou a mayor parte do dia.
  14. [2610](Cap. 174) Os quatro capitaẽs se foraõ logo nas costas das seis espias que leuauaõ diante, & se foraõ ajuntar todos num lugar certo por onde auião de cometer os inimigos, & dando de supito no corpo da gente co impeto que lhe ensinaua a determinação que leuauão, pelejarão tão esforçadamente, que em menos de hũa hora que a força da briga durou, os doze mil Passaruoẽs deixaraõ mortos no campo mais de trinta mil dos inimigos a fora os feridos que foraõ em muyto mayor quantidade, de que despois morrerão muytos, & foraõ catiuos tres Reys, & oito Pares que saõ como duques, & o Rey da Çunda cõ quẽ hiamos os quarenta Portugueses, escapou com tres lançadas, em cuja defensaõ morreraõ os quatorze delles, & os mais foraõ todos muyto feridos, & o arrayal esteue nũa tamanha confusaõ que quasi esteue de todo perdido, & o Pangueyrão de Pate, Emperador de Demaa, foy atrauessado com hum zarguncho, & esteue no rio meyo afogado sem auer quẽ lhe pudesse valer, donde se pode entender quãta força tem hum supito destes com gente descuydada, porque primeyro que estes entrassem em sy, & os capitaẽs pusessem a gente em ordem, estiuerão por duas vezes postos de todo em desbarato.
  15. [2613](Cap. 175) Grandemente ficou sentido & enjoado el Rey de Demaa co desastre deste dia, assi pela afrõta que recebera dos de dentro, & pela perda dos seus, como por ver quão mal lhe socedera o principio deste cerco, & deu por isso algũas vezes algũs remoques, & outras vezes reprensoẽs claras ao nosso Rey da Çunda, porque sendo elle general do campo, pusera tão mâ vigia nelle, & a elle somente punha a culpa da muyta desordem que ouuera em todos.
  16. [2629](Cap. 176) O nosso Rey da Çunda quando isto ouuio fez cessar os tratos, & nos mãdou logo chamar para ver se era verdade o que aquelle homẽ dezia, & seis de nòs os que menos feridos estauamos, fomos logo ter cõ elle â sua estãcia, onde chegamos cõ assaz de afrõta & de trabalho, & vẽdo o homẽ, nos pareceo â primeyra vista que era Portuguez, & prostrandonos todos aos peis del Rey, lhe pedimos que nos quisesse dar aquelle homẽ, pondolhe diãte as razoẽs que auia para nos fazer aquella merce, pois era Portuguez como nós, & elle nolo cõcedeo leuemẽte, pelo que de nouo nos prostramos todos por terra, & lhe beijamos os peis.
  17. [2631](Cap. 176) E elle despois que de todo acabou de entrar em sy, chorando muyta quantidade de lagrimas nos disse: Eu senhores & irmãos meus, sou Christão, inda que no trajo volo não pareça, & Portuguez de pay & mãy, natural de Penamacor, & chamaõme Nuno Rodriguez Taborda, & vim do reyno na armada do Marichal no anno de 1513. na nao S. Ioaõ, de que era capitão Ruy Diaz Pereyra, & por eu ser hum homẽ hõrado, & que de mim dey sempre mostras disso, Afonso d’Albuquerque que Deos tenha na gloria me fez merce da capitania de hũ bargãtim de quatro que inda sómente auia na India naquelle tẽpo, & me achey cõ elle na tomada de Goa, & de Malaca, & lhe ajudey a fazer Calecut, & Ormuz, & me achey presẽte em todos os feitos hõrosos que se fizersõ assi em seu tẽpo, como no de Lopo Soarez, & no de Diogo Lopez de Siqueyra, & dos outros gouernadores ate dõ Anrique de Meneses, que socedeo por morte do Visorrey dõ Vasco da Gama, que no principio da sua gouernação proueo a Frãcisco de Sá de hũa armada de doze vellas, em que leuaua 300. homẽs para fazer fortaleza em Çunda, pelo receyo que então se tinha dos Castelhanos que naquelle tẽpo cõtinuauão Maluco pela noua viagem que o Magalhẽs descubrira, na qual armada eu vim por capitão em hum bargantim que se dezia S. Iorge com vinte & seis homẽs muyto esforçados, que partimos da barra de Bintão quando Pero Mascarenhas o destruyo, & sendo tanto auante como a ilha de Lingua, nos deu hũ tempo tão forte que não o podẽdo payrar, nos foy forçado arribarmos â Iaoa, onde dos sete nauios de remo que eramos se perderaõ os seys, dos quais foy hũ o meu por meus peccados, porque vim dar â costa aquy nesta terra em que agora estamos, ha ja vinte & tres annos, sem de todos os que vinhamos no bargantim escaparem mais que sós très companheyros, dos quais eu só agora sou viuo, & prouuera a Deos nosso Senhor que antes fora morto, porque sẽdo eu por muytas vezes cometido por estes Gẽtios que quisesse seguir suas opinioẽs, o não quiz fazer muyto tẽpo; mas como a carne he fraca, & a fome era grãde, & a pobreza muyto mayor, & a esperãça da liberdade era perdida, a distancia do mesmo tẽpo, & meus peccados foraõ causa de cõdecender a seus rogos, por onde o pay deste Rey me fauoreceo sẽpre, & porque eu ontẽ fuy chamado de hũ lugar em que viuia para vir curar dous homẽs nobres dos principais desta terra, quiz N. Senhor que me tomassem estes perros, para o eu ficar sendo menos, pelo que N. Señor seja bẽdito para todo sẽpre.
  18. [2632](Cap. 176) Tão espãtados ficamos todos disto que este homẽ nos disse, quãto o requeria a nouidade de tão estranho caso; & consolãdoo então como nòs soubemos, & cõ as palauras que nos pareceraõ necessarias para o tẽpo em que estauamos, lhe dissemos se se queria yr cõ nosco para a Çunda, porque dahy se iria para Malaca, onde prazeria a nosso Senhor que acabaria a vida christammente, & em seu seruiço, a que elle respondeo que sy, porque nunca outra cousa desejara mais que essa.
  19. [2660](Cap. 179) De tudo o mais que socedeo atê nos partirmos para o porto da Çunda, & dahy para a China, & da desauentura que nesta viagem tiuemos.
  20. [2664](Cap. 179) E como então toda a terra andaua reuolta sem auer quietação em cousa nenhũa, pedimos licença ao Rey da Çunda para nos irmos para o porto de Banta onde estaua o nosso junco, pois a moução da China era ja chegada, & era tempo de fazermos nossa viagem, á qual nos elle deu muyto leuemente, & nos fez quita dos direitos de nossas fazendas, & nos deu cem cruzados a cada hũ, & aos quatorze que morreraõ na guerra, deu a cada hum trezentos para seus herdeyros, que nos tiuemos então por esmolla honrosa & de principe bem inclinado, & largo de condição, & de que todos ficamos muyto contentes.
  21. [2667](Cap. 179) Chegados todos os cinco nauios que partimos da Çunda ao porto do Chincheo, onde naquelle tempo os Portugueses fazião seus tratos, estiuemos nelle tres meses & meyo cõ assaz de trabalho & risco de nossas pessoas, por andar a terra então toda reuolta, & os pouos amutinados, & cõ grãdes armadas por toda a costa, por causa dos muytos roubos que os Iapoẽs cossayros tinhão feito nella, de maneyra que não auia quietação para se poder fazer fazenda, nem os mercadores ousauão a sayr de suas casas, pelo que constrangidos nós da necessidade nos passamos ao porto de Chabaquee, onde achamos surtos na barra cento & vinte jũcos, os quais despois que tiueraõ com nosco algũa briga, nos tomarão dos cinco nauios os tres, em que morreraõ quatrocentas pessoas Christãs, de que os oitenta & dous foraõ Portugueses.
  22. [2682](Cap. 180) E fazendose à vella nos leuaraõ a hũa aldea que estaua daly doze legoas, por nome Cherbom, onde nos venderaõ a todos oito, seis Portugueses, & hum moço Chim, & outro cafre por treze pardaos, que da nossa moeda saõ tres mil & nouecentos reis a hũ mercador Gentio da ilha dos Selebres, em cujo poder estiuemos vinte & seis dias, & nos tratou muyto bem assi de comer como de vestido, & despois nos vendeo a el Rey de Calapa por dezoito mil reis, o qual Rey vsou cõ nosco de tanta magnificencia que liuremente nos mandou para o porto da Çunda onde estauão tres naos de Portugueses, de que era capitão mòr hum Ieronymo Gomez Sarmento, que a todos nos fez muyto gasalhado, & nos proueo largamente de tudo o necessario, até que se partio para a China.
  23. [2683](Cap. 181) Como deste porto de Çunda fuy ter a Sião donde em cõpanhia doutros Portugueses fuy cõ el Rey â guerra do Chiãmay, & do successo della.
  24. [2684](Cap. 181) Avendo quasi hum mès que estauamos neste porto da Çunda bem prouidos dos Portugueses, como então era ja chegada a monção da China, as tres naos se partirão para o Chincheo, sem ahy na terra ficarem mais Portugueses que sós dous, que num junco de Patane se foraõ com suas fazendas para Sião, em cõpanhia dos quais me foy forçado irme eu tambem, porque me quiseraõ elles fazer o gasto da jornada, & me prometeraõ de me fazerem lâ algũ emprestimo, com que de nouo tornasse a tentar a fortuna, a ver se por importunação me podia melhorar com ella.
  25. [2686](Cap. 181) E auendo pouco mais de hum mês que estaua nesta cidade esperando pela monção da China para me yr para Iapaõ em companhia de outros seis ou sete Portugueses que para là hião, com cem cruzados de emprego, que os dous com que viera de Çunda me tinhão emprestado, chegou noua certa a el Rey de Siaõ, que então estaua nesta cidade de Odiaa com toda sua corte, que o Rey do Chiammay confederado cos Timocouhós, cos Laos, &cos Gueos, (que saõ quatro naçoẽs de gentes que contra o Nordeste senhoreaõ a mayor parte deste sertão, por cima do Capimper, & Passiloco, & saõ todos senhores absolutos sem darem obediencia a ninguem, muyto ricos & poderosos, & de grandes estados) tinhão posto cerco â cidade de Quitiruão, & morto o Oyaa Capimper fronteyro mór daquella arraya cõ mais de trinta mil homẽs.
  26. [3467](Cap. 220) Despois de auer cinco dias que aquy eramos chegados, & estarmos sem agoa nem mantimento algum, porque tudo tinhamos alijado ao mar, prouue a nosso Senhor que vieraõ hũa menham ter com nosco tres naos de Portugueses que vinhão da Çunda, com a vinda das quais nos ouuemos por remidos em nossos trabalhos.

Sunda 21(1).

Nas orações: 241.

  1. [241](Cap. 21) E porque esta nossa lhe importa a elle mais que todas as outras para este seu danado proposito, nola manda agora tomar, a fim de continuar neste estreito com suas armadas, atè que de todo (como os seus publicamente ja dizem) vos tolha o comercio da droga de Banda, & Maluco, & o trato da nauegaçaõ dos mares da China, Sunda, Borneo, Timor, & Iapaõ, como temos sabido pelo cõtrato que agora nouamente tem feito co Turco, por meyo do Baxà do Cayro, que para isto tomou por seu valedor, o qual lhe tem dado grandes esperanças de ajuda, como pelas cartas que eu trouxe tereis ja sabido.

çunda 20(1).

Nas orações: 225.

  1. [225](Cap. 20) E tambem o informey do surgidouro da bahia de Pullo Botum, onde antigamente estiuera a nao Biscainha, que dizião que fora do Magalhaẽs, que despois se perdeo no boqueyraõ da çunda, querendo atrauessar a ilha da Iaoa.

(2) Objecto geográfico interpretado

Reino (porto). Parte de: Iaoa.

Referente contemporâneo: Banten, Indonesia (AS). Lat. -6.500000, long. 106.250000.

Porto, reino. GT: Em Java desde Cherbon a oeste. DHDP Java occidental desde o rio Cimanuk em 180º 15′ E, o porto mais importante foi Kalapa até finais do XVI. Situámos em Kalapa como possível no que diz ao porto. Claude Guillot (FMPP: vol. 3, p. 228): o porto de Sunda, frequentemente refere-se nas fontes europeias a Banten. Thomaz (2002: 406, 433): os Portugueses referem-se a Banten como porto de Sunda.

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