O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Demaa. Demâ 178(1).

Nas orações: 2651.

  1. [2651](Cap. 178) E saindo então o proprio Rey em pessoa cõ sós tres mil da cõjuração passada; que por voto solenne se vntarão todos co Minhamundy para amoucos, deraõ nos inimigos, que a este tẽpo andauão occupados em despejarẽ o cãpo, & os tratarão de maneyra, que em espaço de meya hora que durou a força da peleja, ficaraõ derrubados no campo doze mil homẽs, & dous Reys & cinco Pates catiuos, com mais trezentos Turcos, & Abexins, & Achẽs, & o seu caciz Moulana, dignidade suprema na seita Mafometica, & por cujo conselho o Pangueiraõ aly tinha vindo, & foraõ queimadas quatrocẽtas embarcaçoẽs que neste tẽpo estauão abicadas em terra em que estauão os feridos, de maneyra que todo o cãpo esteue quasi perdido; & tornãdose a recolher a seu saluo sem perder mais que sós quatrocẽtos dos seus, os deixou embarcar no mesmo dia, que foy a noue de Março, os quais despois de embarcados cõ toda a pressa possiuel, se partiraõ logo para a cidade de Demâ, leuãdo cõsigo o corpo do Pangueyrão, onde chegado foi recebido de todo o pouo com grandes gritas & prantos que geralmente se fizeraõ por elle.

Demaa 36(1), 107(1), 172(1), 173(2), 174(1), 175(1), 177(4), 178(1), 179(1).

Nas orações: 415, 1402, 2582, 2593, 2594, 2610, 2613, 2634, 2635, 2644, 2647, 2649, 2663.

  1. [415](Cap. 36) Este Antonio de Faria trazia hũs dez ou doze mil cruzados em roupas da India que em Malaca lhe emprestaraõ, as quais eraõ de tão mà digestaõ naquella terra, que não auia pessoa que lhe prometesse nada por ellas, pelo que vendose elle de todo desesperado de as poder gastar, determinou de inuernar aly até lhe buscar espediente por qualquer via que fosse possiuel; & foy acõselhado por algũs homẽs mais antiguos na terra que a mandasse a Lugor, que era hũa cidade do reyno Sião mais abaixo para o norte cem legoas, por ser porto rico, & de grande escala, em que auia grande soma de jũcos da ilha da Iaoa, dos portos de Laue, Tanjampura, Iapara, Demaa, Panaruca, Sidayo, Passaruaõ, Solor, & Borneo, que a troco de pedraria & ouro costumauão a comprar bem aquellas fazendas.
  2. [1402](Cap. 107) Esta cidade do Pequim de que promety dar mais algũa informaçaõ da que tenho dada, he de tal maneyra, & tais saõ todas as cousas della, que quasi me arrependo do que tenho prometido, porque realmente não sey por onde comece a cumprir minha promessa, porque se não ha de imaginar que he ella hũa Roma, hũa Constantinopla, hũa Veneza, hum Paris, hum Londres, hũa Seuilha, hũa Lisboa, nem nenhũa de quantas cidades insignes ha na Europa por mais famosas & populosas que sejão, nem fora da Europa se ha de imaginar que he como o Cairo no Egypto, Taurys na Persia, Amadabad em Cambaya, Bisnagà em Narsinga, o Gouro em Bẽgala, o Auaa no Chaleu, Timplaõ no Calaminhan, Martauão & Bagou em Pegù, ou Guimpel & Tinlau no Siammon, Odiaa no Sornau, Passaruão & Demaa na ilha da Iaoa, Pangor no Lequîo, Vzanguee no graõ Cauchim, Lançame na Tartaria, & Miocoo em Iapaõ, as quais cidades todas saõ metropolis de grandes reynos, porque ousarey a affirmar que todas estas se não podem comparar com a mais pequena cousa deste grãde Pequim, quanto mais com toda a grandeza & sumptuosidade que tem em todas as suas cousas, como saõ soberbos edificios, infinita riqueza, sobejissima fartura & abastança de todas as cousas necessarias, gente, trato, & embarcaçoẽs sem conto, justiça, gouerno, corte pacífica, estado de Tutoẽs, Chaẽs, Anchacys, Aytaos, Puchancys, & Bracaloẽs, porque todos estes gouernão reynos & prouincias muyto grandes, & cõ ordenados grossissimos, os quais residem continuamente nesta cidade, ou outros em seu nome, quando por casos que soccedem se mandão pelo reyno a negocios de importancia.
  3. [2582](Cap. 172) E auendo já quasi dous meses que estauamos neste porto fazendo pacificamente nossas mercancias na terra, veyo ter a ella por mandado del Rey de Demaa, Emperador de toda a ilha da Iaoa, Angenia, Bale, & Madura, cõ todas as mais ilhas deste arcipelago, hũa molher que se chamaua Nhay Pombaya; dona viuua de quasi sessenta annos de idade, a qual vinha de sua parte dar recado ao Tagaril Rey da Çunda, que tambem era seu vassallo como os mais Reys desta monarchia, paraque pessoalmẽte, em termo de més & meyo fosse ter com elle â cidade de Iapara onde então se fazia prestes para yr sobre o reyno de Passeruão.
  4. [2593](Cap. 173) Partido este Rey da Çunda deste porto de Banta a cinco dias do més de Ianeyro do anno de 1546. chegou aos dezanoue à cidade de Iapara, onde o Rey de Demaa Emperador desta ilha Iaoa então se estaua fazendo prestes com hum exercito de oitocentos mil homẽs, o qual sabendo da vinda deste Rey da Çunda, que era seu cunhado & seu vassallo, o mandou receber á embarcação por el Rey de Panaruca Almirante da frota, o qual leuou comsigo cento & sessenta calaluzes de remo, & nouenta lancharas de Lusoẽs da ilha Borneo, & com toda esta companhia o trouxe onde el Rey estaua, do qual foy muyto bem recebido, & com honras muyto auãtajadas de todos os outros.
  5. [2594](Cap. 173) Passados quatorze dias despois que chegamos a esta cidade de Iapara, o Rey de Demaa se partio na via do reyno de Passaruão, embarcado em hũa frota de duas mil & setecentas vellas, em que entrauão mil juncos dalto bordo, & tudo o mais eraõ nauios de remo, & aos onze dias de Feuereyro chegou ao rio de Hicanduree que he na entrada da barra.
  6. [2610](Cap. 174) Os quatro capitaẽs se foraõ logo nas costas das seis espias que leuauaõ diante, & se foraõ ajuntar todos num lugar certo por onde auião de cometer os inimigos, & dando de supito no corpo da gente co impeto que lhe ensinaua a determinação que leuauão, pelejarão tão esforçadamente, que em menos de hũa hora que a força da briga durou, os doze mil Passaruoẽs deixaraõ mortos no campo mais de trinta mil dos inimigos a fora os feridos que foraõ em muyto mayor quantidade, de que despois morrerão muytos, & foraõ catiuos tres Reys, & oito Pares que saõ como duques, & o Rey da Çunda cõ quẽ hiamos os quarenta Portugueses, escapou com tres lançadas, em cuja defensaõ morreraõ os quatorze delles, & os mais foraõ todos muyto feridos, & o arrayal esteue nũa tamanha confusaõ que quasi esteue de todo perdido, & o Pangueyrão de Pate, Emperador de Demaa, foy atrauessado com hum zarguncho, & esteue no rio meyo afogado sem auer quẽ lhe pudesse valer, donde se pode entender quãta força tem hum supito destes com gente descuydada, porque primeyro que estes entrassem em sy, & os capitaẽs pusessem a gente em ordem, estiuerão por duas vezes postos de todo em desbarato.
  7. [2613](Cap. 175) Grandemente ficou sentido & enjoado el Rey de Demaa co desastre deste dia, assi pela afrõta que recebera dos de dentro, & pela perda dos seus, como por ver quão mal lhe socedera o principio deste cerco, & deu por isso algũas vezes algũs remoques, & outras vezes reprensoẽs claras ao nosso Rey da Çunda, porque sendo elle general do campo, pusera tão mâ vigia nelle, & a elle somente punha a culpa da muyta desordem que ouuera em todos.
  8. [2634](Cap. 177) Como el Rey de Demaa foy morto por hum estranho caso, & do que socedeo despois de sua morte.
  9. [2635](Cap. 177) Tornando agora ao proposito de que hiamos tratando; sendo o Pangueyraõ de Pate Rey de Demaa informado pelos inimigos que os seus tomarão do fraco estado em que a cidade estaua, & da muyta gente que lhe era morta, & que as muniçoẽs erão todas gastadas, & que el Rey estaua muyto ferido, se lhe acendeo muyto mais o desejo de dar á cidade o assalto que tinha assentado, & determinou de o dar â escalla vista, & cõ muyto mayor força que a primeyra, para o que no arrayal se fizerão logo grãdes apercebimẽtos, & se lãçaraõ pregoẽs por porteyros de maças de prata a cauallo, os quais despois de se tangerẽ muytas trõbetas, dezião em vozes altas, o Pangueyrão de Pate o senhor das terras que cercão os mares pela potẽcia do que tudo criou, descubrindo em geral a todos os ouuintes o segredo do seu peito, vos mãda dizer, que de oje a noue dias estejais todos prestes cõ animos de tigres, & cõ forças dobradas para hũ assalto que determina de dar á cidade, & promete liberalmẽte muytas merces, assi de dinheyro como de nomes hõrosos aos primeyros cinco que aruorarẽ guião no muro dos inimigos, ou fizerẽ feitos agradaueis á sua võtade, & os que isto não cũprirem cõforme ao que se espera, morreraõ por justiça, sem se lhe ter nenhũ respeyto.
  10. [2644](Cap. 177) Acabada de fazer esta justiça se deu logo ordẽ no que se faria do corpo del Rey, sobre que entre todos ouue grãdes debates, dizendo por hũa parte que o deixassẽ aly enterrado, era tanto como ficar catiuo em poder dos Passaruoẽs, & por outra, que se o leuassẽ a Demaa, onde tinha o seu jazigo, de necessidade se auia de corrõper antes que lâ chegasse, & que enterrãdoo assi podre & corrupto, não podia sua alma yr ao paraiso, cõforme â ley de Mafamede em que nouamẽte morrera.
  11. [2647](Cap. 177) E desta maneyra foy o corpo del Rey até Demaa sem corrupçaõ nem cheyro mao nenhum.
  12. [2649](Cap. 178) E de hũa grande discordia que em Demaa ouue entre dous homẽs principais da cidade, & do desauenturado succedeo que teue.
  13. [2663](Cap. 179) E apos isto se passou logo a Demaa com fundamento de a tornar a edificar de nouo, & pola no estado em que antes estaua, onde a primeyra cousa em que entendeo foy em castigar os que se achassem que foraõ culpados no saco da cidade, & entre hũa tamanha multidão delles, não se acharaõ ja mais que cinco mil somente, porque os outros todos eraõ jâ fugidos para diuersas partes, & a todos estes desauenturados em quatro dias que esta execução durou, se deraõ dous generos de mortes somente, hũs espetaraõ viuos em caloetes, & outros queimaraõ nas mesmas embarcaçoens em que foraõ tomados, de modo que naõ ouue dia destes quatro em que não morresse muyto grande quantidade delles, de que todos os Portugueses que ahy nos achamos andauamos como pasmados.

(2) Objecto geográfico interpretado

Reino (cidade, porto). Parte de: Iaoa.

Referente contemporâneo: Demak, Indonesia (AS). Lat. -6.890900, long. 110.639600.

Reino. GT Demak 6º 54’ S, 110º 39’ E.

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