O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Diu. Diu 2(5), 3(3), 4(1), 7(1), 8(1), 12(4), 20(2), 43(1).

Nas orações: 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 24, 37, 77, 90, 124, 126, 128, 131, 224, 231, 519.

  1. [15](Cap. 2) Despois de estas cinco naos serem todas auiadas & prestes para se partirem de Moçambique, o Capitão da fortaleza, que era Vicente Pegado, apresentou aos Capitaẽs dellas hũa prouisaõ do Gouernador Nuno da Cunha, em que mandaua que todas as naos que aquelle anno deste reyno aly fossem ter, fossem a Diu, & deixassem a gente na fortaleza, pela sospeita que se tinha da armada do Turco, porque se então esperaua na India, por causa da morte do Soltão Bandur Rey de Cambaya, que o Gouernador tinha morto o veraõ passado.
  2. [16](Cap. 2) Este negocio foy logo posto em conselho, & se determinou por todos que as tres naos que eraõ del Rey fossem a Diu como a prouisaõ mandaua, & as duas de mercadores fossem a Goa, por algũs requerimentos & protestos de encampaçaõ que seus Procuradores sobre este caso ja tinhão feitos.
  3. [17](Cap. 2) Partidas as tres naos del Rey para Diu, & as duas de mercadores para Goa, prouue a nosso Senhor leuallas todas a saluamento.
  4. [18](Cap. 2) E surgindo as tres na barra de Diu a cinco de Setembro do mesmo anno de 1538. Antonio da Sylueira irmaõ do Conde de Sortelha, Luys da Sylueira, que entaõ ahi estaua por Capitão, as festejou & recebeo com assaz de alegria, gastando largamente com todas de sua fazenda, assi em dar de comer a mais de setecentos homẽs, como em outras merces de dinheyro & esmolas que fazia continuamente.
  5. [20](Cap. 2) As tres naos, despois de venderem aly bem suas fazendas, se foraõ para Goa, com sós os officiaes dellas, & a gente do mar, onde estiuerão mais algũs dias, ate que o Gouernador acabou de as despachar para Cochim, & dahi, tomada a carga, se tornarão todas cinco para o reyno, onde chegaraõ a saluamento, leuando tambem consigo em companhia outra nao noua que se fizera na India, por nome São Pedro, de que veyo por Capitão Manoel de Macedo que trouxe o Basilisco, a que câ chamaraõ o tiro de Diu, por se tomar ahy na morte do Soltão Baudur Rey de Cambaya, com mais outros dous do mesmo teor, os quais foraõ dos quinze que o Rumecaõ Capitão mor da armada do Turco trouxe de Suez no anno de 1534. quando deste reyno foy dom Pedro de Castelbranco nas doze Carauellas do socorro que partirão em Nouembro.
  6. [21](Cap. 3) Como de Diu me embarquey para o estreito de Meca, & do que passey nesta viagem.
  7. [22](Cap. 3) Avendo sós dezassete dias que eu era chegado a esta fortaleza de Diu, fazendose nella prestes duas fustas para irem ao estreyto de Meca, a saberem a certeza da armada dos Turcos, de que ja na India auia algum receyo, me embarquey em hũa dellas de que hia por Capitão hum meu amigo, por me elle fazer grandes encarecimentos da sua amizade naquella viagem, fazendome muyto facil sayr eu della muyto rico em pouco tempo, que era o que eu então mais pretendia que tudo.
  8. [24](Cap. 3) Partidas ambas estas fustas desta fortaleza de Diu, & nauegando juntas em hũa conserua com tempo assaz forte, na despidida do inuerno, com grandes chuueyros, & contra monção, ouuemos vista das ilhas de Curia, Muria, & Abedalcuria, nas quais estiuemos de todo perdidos, sem nenhũa esperança de vida; & tornandonos, por não auer outro remedio, na volta do sudueste, prouue a nosso Senhor que ferramos a ponta da ilha Çacotorà, hũa legoa abaixo donde esteue a nossa fortaleza que dom Francisco d’Almeida, primeyro Visorrey da India fez, quando no anno de 1507. foy deste reyno, & aly fizemos nossa agoada, & ouuemos algum refresco, que por nosso resgate compramos aos Christãos da terra, que decendem daquelles que antiguamente o Apostolo São Tomè conuerteo nas partes da India, & Choromandel.
  9. [37](Cap. 4) Daqvy desta paragem nos partimos para Arquîco, terra do Preste Ioaõ, a dar hũa carta que Antonio da Sylueira mandaua a hum Anrique Barbosa feitor seu, que là andaua auia tres annos por mandado do Gouernador Nuno da Cunha, o qual com quarenta homens que trazia comsigo escapara do aleuantamento de Xael, onde catiuaraõ dom Manoel de Meneses, com mais cento & sessenta Portugueses, & tomarão quatrocentos mil cruzados, & seis naos Portuguesas, que forão as que Soleymão Baxá Visorrey do Cayro leuou cos mantimentos & muniçoẽs da sua armada, quando no anno de mil, quinhentos & trinta & oito veyo pór cerco á fortaleza de Diu, por lhas o Rey de Xael mandar ao Cayro com sessenta Portugueses de presente, & dos mais fez esmola ao seu Mafamede, como cuydo que as historias que tratão da gouernança de Nuno da Cunha diraõ largamente.
  10. [77](Cap. 7) Avendo ja dezaseis dias que eu era chegado a Ormuz, & liure pela misericordia de nosso Senhor dos trabalhos que tenho contado, me embarquey pera a India em hũa nao de hum Iorge Fernandez Taborda, que hia com cauallos pera Goa, & velejando por nossa derrota com vento bonança de moução tendente, em dezasete dias de boa viagem ouuemos vista da fortaleza de Diu, & chegandonos bem a terra com determinação de sabermos ahi algũas nouas, enxergamos de noite por toda a costa hũa grande quantidade de fogos, & de quando em quando tom de artilharia, & lançando nossos juizos sobre o que isto poderia ser, pairamos com pouca vella o que restaua da noite ate que de todo foy menham, em que claramente vimos a fortaleza cercada de hũa grande quantidade de vellas Latinas.
  11. [90](Cap. 8) E que o Hidalcão respõdera por palaura aos offerecimentos que o Baxà lhe mandara fazer em nome do Turco, que antes queria a amizade del Rey de Portugal, com lhe ter tomada Goa, que a sua, com lhe prometer a restituição della: & que sós dous dias auia que a nao era partida, & que o Capitão della que se chamaua Cide Ale, deixara apregoada guerra co Hidalcão, jurando que como a fortaleza de Diu fosse tomada (o qual não tardaria oito dias, segũdo o estado em que ja ficaua posta) o Hidalcaõ perderia o reyno & a vida, & então conheceria quão pouco lhe podiam aproueitar os Portugueses.
  12. [124](Cap. 12) Neste tempo se fazia prestes o Visorrey dom Garcia de Noronha para yr socorrer a fortaleza de Diu, da qual tinha recado que estaua em grande aperto, pelo cerco que lhe tinhão posto os Turcos, para o qual ajũtou então hũa assaz grossa & fermosa armada; em que aueria duzentas & vinte & cinco vellas, de que sós as oitenta & tres erão de alto bordo entre naos & Galeoẽs & Carauellas, & as mais eraõ Galês, & bargantins & fustas, em que se affirmaua que irião dez mil homẽs limpos, & trinta mil de chusma, & do seruiço da mareação, & escrauaria Christam.
  13. [126](Cap. 12) E sendo o tempo chegado, & a armada ja de todo prestes & aparelhada de todo o necessario, o Visorrey se embarcou nella hum Sabado catorze dias do mes de Nouembro do anno de 1538. onde esteue embarcado cinco dias esperando que se acabasse de recolher nella a gente que era muyta, no fim dos quais lhe chegou hum catur de Diu com cartas de Antonio da Sylueira capitão da fortaleza, em que lhe daua nouas que o cerco era ja leuantado, & os Turcos ydos, o que causou em toda a gente da armada hũa notauel tristeza, pelo desejo que todos tinhão de se verem com estes inimigos da nossa santa Fè.
  14. [128](Cap. 12) Despois de isto assi ordenado, se partio o Visorrey desta barra de Goa hũa quinta feyra pela menham, seys dias do mès de Dezembro, & ao quarto dia de sua viagem surgio em Chaul, onde se deteue tres dias assentando algũas cousas co Inezemaluco importantes ao bem & segurança da fortaleza, & prouendo algũas vellas das que vinhão na armada de algũas cousas de que vinhaõ faltas, principalmente de mantimentos, & de chusma, & partindo daquy para Diu, sendo tanto auante como os picos de Daanuu, na trauessa de meyo golfaõ lhe deu hum temporal taõ rijo, que lhe diuidio a armada em muytas partes, de que se perderaõ algũas vellas, em que entrou a Galè bastarda na barra de Dabul, de que hia por Capitão dom Aluaro de Noronha filho do Visorrey, & Capitão mòr do mar, & no golfaõ, a Galè Espinheyro cujo Capitão era Ioaõ de Sousa que chamauão d’alcunha o Rates, por ser filho do Prior de hum lugar que chamão Rates, da qual Galè dom Christouão da Gama filho do Conde Almirante, que despois os Turcos mataraõ no Preste Ioaõ, saluou a mayor parte da gente, por se achar jũto della no tempo que o mar açoçobrou.
  15. [131](Cap. 12) E chegando em fim a Diu aos dezasseis de Ianeyro do anno de 1539. entendeo logo em tornar a edificar de nouo a fortaleza, porque os Turcos deixaraõ a mor parte della posta por terra; de maneyra que o saluarse pareceo que fora mais por milagre que por força humana.
  16. [224](Cap. 20) E tambẽ trouxe informação da bahia onde se perdera o Rosado Capitão da nao Frãcesa, & Matalote do Brigas Capitão da outra nao, que por caso de tempo esgarraõ foy ter a Diu no anno de 1529. sendo ainda viuo Soltão Baudur Rey de Cambaya, que a todos os Franceses della fez Mouros, que eraõ oitenta & dous, os quais despois sendo Elches, leuou no anno de 1533. por bombardeiros, na guerra que teue co Rey dos Mogores, onde todos morreraõ, sem hum sò ficar viuo.
  17. [231](Cap. 20) E sendo sua alteza certificado da sua morte, proueo segunda vez na mesma capitania a hum Diogo Cabral da ilha da Madeyra, a quem Martim Afonso de Sousa a tirou por justiça, por se dizer que praguejara delle sendo Gouernador, & a deu a hum Ieronymo de Figueiredo fidalgo do Duque de Bargança, que no anno de 1542. partio de Goa com duas fustas, & hũa carauella em que leuaua oitẽta soldados & officiaes da mareação, & não teue effeito a sua yda, porque parece, segundo o que despois se vio, que desejando elle de ser rico mais depressa do que o esperaua ser pela via que leuaua, se passou à costa de Tanauçarim, onde tomou algũas naos que vinhaõ do estreito de Meca, de Adẽ, de Alcosser, de Iudaa, & de outros lugares da costa da Persia, & por se là dar mal cos soldados, & não partir com elles do que tomara, conforme ao que de direito lhes vinha, se leuãtaraõ contra elle, & depois de outras muytas cousas, que me pareceo razão naõ se escreuerem, o ataraõ de pes & de maõs, & o leuarão à ilha Ceilão, onde o lançaraõ em terra no porto de Gàle, & a carauella & fustas leuaraõ ao Gouernador dom Ioaõ de Castro, que lhes deu perdão do que tinhão feito, por irem d’armada com elle a Diu a socorro de dõ Ioaõ Mascarenhas, que entõa estaua cercado dos Capitaẽs del Rey de Cambaya, & de então pera cà se não tratou mais deste descubrimento, que tão proueitoso parece que serà para o bẽ commum destes reynos, se nosso Senhor fosse seruido que esta ilha se viesse a descobrir.
  18. [519](Cap. 43) Chegado este homẽ jũto de Antonio de Faria, vendo elle que era brãco como qualquer de nós, lhe perguntou se era Turco ou Parsio, ao que elle respondeo que não, mas que era Christão, natural de monte Sinay, onde estaua o corpo da bemauenturada santa Caterina, a isto lhe replicou Antonio de Faria, que pois era Christão como dezia, como não andaua entre Christãos, a que elle respondeo que era mercador, & de boa progenie, por nome Tome Mostãgue, & que estãdo surto com hũa nao sua no porto de Iudaa no anno de 1538. o Soleimão Baxà Visorrey do Cayro lha mandara tomar, como fizera a mais outras sete, para trazerem mantimẽtos & muniçoẽs para fornimento da armada das sessenta galês em que vinha por mandado do Turco, para restituyr o Soltão Baudur no reyno de Cambaya, de que o Mogor naquelle tempo o tinha desapossado, & lançar os Portugueses fora da India, & que vindo elle na mesma nao para a beneficiar & arrecadar o seu frete que lhe tinhão prometido, os Turcos, alem de lhe mentirem em tudo como sempre costumão, lhe tomarão sua molher, & hũa filha pequena que trazia comsigo, & perante elle as deshonraraõ publicamente, & porque hum filho seu, chorando se lhes queixou deste grande mal, lho lançaraõ viuo ao mar, atado de pees & de mãos, & a elle meteraõ em ferros, & lhe dauão todos os dias muytos açoutes, & lhe tomarão sua fazenda, que eraõ mais de seis mil cruzados, dizẽdo, que não era licito lograr beẽs de Deos, senão os Massoleymoẽs, justos & santos assi como elles; & porque neste meyo tempo lhe faleceraõ a molher & a filha, elle como desesperado se lançara hũa noite ao mar na barra de Diu, com aquelle moço seu filho, donde por terra fora ter a Çurrate, & dahy se viera ter a Malaca em hũa nao de Garcia de Saa Capitão de Baçaim, donde por mandado de dõ Esteuão da Gama fora à China com Christouão Sardinha, que fora feitor de Maluco, o qual estando hũa noite surto em Cincaapura, o Quiay Taijão senhor daquelle junco matara cõ mais vinte & seis Portugueses, & que a elle por ser bombardeyro dera a vida, & o trazia comsigo por seu Cõdestabre.

(2) Objecto geográfico interpretado

Fortaleza (fortaleza). Parte de: India.

Referente contemporâneo: Diu, India (AS). Lat. 20.714050, long. 70.982240.

Porto, fortaleza. GT porto: 20º 42’ N 70º 49’ E.

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