O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Lechune. Lechune 88(1), 121(1), 127(1), 128(1).

Nas orações: 1047, 1628, 1716, 1728.

  1. [1047](Cap. 88) O primeyro he este por nome Batampina, que atrauessãdo pelo meyo deste imperio da China trezẽtas & sessenta legoas, faz sua entrada no mar pela enseada do Nanquim em trinta & seis graos; o segundo, por nome Lechune, tẽ sua euasaõ cõ grandissimo impeto ao longo dos montes de Pancruum, que diuidẽ a terra do Cauchim, & o senhorio de Catebenão, que pelo sertão confina co reyno de Chãpaa em dezasseis graos.
  2. [1628](Cap. 121) Entre os homẽs que então acompanhauão o Mitaquer, estaua hum por nome Bonquinadau, homem ja de dias, & dos principais senhores do reyno, & que aly era Capitão da gente estrangeyra, & das badas da guarda do cãpo, a quem se tinha mais respeito que a todos os outros que estauão presentes: este, quando ouuio a nossa reposta, pos os olhos no Ceo & disse, ó quem pudesse preguntar a Deos pela declaraçaõ deste segredo, a que o nosso pobre entendimẽto não pode chegar, que porque causa quiz que gente tão auessa do conhecimento da nossa verdade responda assi improuiso com hũa doçura de palauras tão agradaueis aos ouuidos, que vos affirmo que estou em dizer, & quasi que a isso poria a cabeça, que da conta de Deos & do Ceo sabem mais dormindo, que nós todos espertos, donde se pode infirir que terão entre sy sacerdotes que entendão do que vay das estrellas para cima muyto mais que os nossos bonzos da casa Lechune: a que os outros responderaõ, tem vossa grandeza tanta razão no que diz, que quasi deuemos todos ter isso por fé, pelo que nos parece que fora muyto acertado não os deixar yr desta terra, porque nos puderão, como mestres, insinar o que sabem das cousas do mũdo.
  3. [1716](Cap. 127) Seguindo nosso caminho deste pagode para diante, fomos ao outro dia ter a hũa cidade muyto nobre que estaua â borda do rio por nome Quanginau, na qual estes embaixadores ambos se detiuerão tres dias prouendose de algũas cousas de que ja vinhão faltos, & vendo hũas festas que se fazião â entrada do Talapicor de Lechune, que he entre elles como Papa, o qual hia visitar el Rey & consolalo pelo mao successo que tiuera na China.
  4. [1728](Cap. 128) Logo ao outro dia nos partimos desta cidade de Quanginau, & seguimos nosso caminho por este rio abaixo, por espaço de quatro dias, vendo em todos elles muytas pouoações & lugares grandes que estauão ao longo da agoa, & no fim dos quatro dias chegamos a hũa cidade que se chamaua Lechune, que he cabeça da falsa religião desta gentilidade, como o he Roma entre nòs, na qual estâ hũ templo muyto sumptuoso, & de efificios muyto notaueis, em que estão sepultados vinte & sete Reys ou Emperadores desta Tartara Monarchia, em jazigos de capellas muyto ricas, assi por serem lauradas de obra muyto custosa, como por serem todas forradas de prata, onde auia hũa grande quantidade de idolos de differentes naturezas, tambem feitos de prata.

(2) Objecto geográfico interpretado

Cidade (rio). Parte de: Tartaria.

Rio, cidade. A principal referência geográfica é Pancruum que identificamos, como possível, na serra Anamita. GT: Song-Koi. FMPP (vol.3, p.114) prefere o Mekong. Dado que a única referência que temos seria a serra adamita e o ser o Lechune um grande rio, poderia ser o Rio Vermelho ao N da serra ou o Mekong a S da serra. O feito de que FMP esteja a identificar os grandes rios de Ásia (Batampina, o Rio Amarelo; Tauquiday, o Mae Nam; Batobasoy, o Irrawady e Leysacotay, possível o Amur) favorece uma interpretação como o rio Mekong. A forma Lechune é usada também para se referir a uma cidade ‘como Roma entre nós’ (cap. 128), susceptível de identificação com Lang Sang (caps. 121, 127, 128) (cf. Timplão e Lançame como sinónimos) e pelo tanto de novo com o rio Mekong ao seu paso por 19° 53′ N, 102° 8′ E.

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