O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Odiaa. Odiâ 181(1).

Nas orações: 2685.

  1. [2685](Cap. 181) Partidos nòs daquy, dentro em vinte & seis dias chegamos á cidade de Odiâ que he a metropoly deste imperio Sornau, a que o vulgar daquellas partes chama Sião, onde fomos bem recebidos & agasalhados dos Portugueses que ahy na terra achamos.

Odiaa 36(1), 107(1), 124(1), 146(2), 181(1), 182(1), 183(3), 185(4), 186(1), 189(2), 190(1).

Nas orações: 420, 1402, 1677, 2035, 2037, 2686, 2702, 2718, 2728, 2732, 2763, 2773, 2775, 2776, 2825, 2834, 2841.

  1. [420](Cap. 36) E paraque se isto milhor entenda, he necessario saberse que em toda esta costa do Malayo, & por dẽtro do sertão domina hum grande Rey, que por titulo famoso sobre todos os outros se chama Prechau Saleu Emperador de todo o Sornau, que he hũa prouincia de treze reynos a que vulgarmẽte chamamos Sião, ao qual saõ sogeitos, & pagaõ pareas cada anno catorze Reys pequenos, os quais por costume antigo eraõ obrigados a irem pessoalmente todos os annos à cidade Odiaa metropoli deste imperio Sornau, & reyno Sião, leuar estas pareas que eraõ obrigados pagar, & fazeremlhe a çumbaya, que era beijaremlhe o treçado que tinha na cinta.
  2. [1402](Cap. 107) Esta cidade do Pequim de que promety dar mais algũa informaçaõ da que tenho dada, he de tal maneyra, & tais saõ todas as cousas della, que quasi me arrependo do que tenho prometido, porque realmente não sey por onde comece a cumprir minha promessa, porque se não ha de imaginar que he ella hũa Roma, hũa Constantinopla, hũa Veneza, hum Paris, hum Londres, hũa Seuilha, hũa Lisboa, nem nenhũa de quantas cidades insignes ha na Europa por mais famosas & populosas que sejão, nem fora da Europa se ha de imaginar que he como o Cairo no Egypto, Taurys na Persia, Amadabad em Cambaya, Bisnagà em Narsinga, o Gouro em Bẽgala, o Auaa no Chaleu, Timplaõ no Calaminhan, Martauão & Bagou em Pegù, ou Guimpel & Tinlau no Siammon, Odiaa no Sornau, Passaruão & Demaa na ilha da Iaoa, Pangor no Lequîo, Vzanguee no graõ Cauchim, Lançame na Tartaria, & Miocoo em Iapaõ, as quais cidades todas saõ metropolis de grandes reynos, porque ousarey a affirmar que todas estas se não podem comparar com a mais pequena cousa deste grãde Pequim, quanto mais com toda a grandeza & sumptuosidade que tem em todas as suas cousas, como saõ soberbos edificios, infinita riqueza, sobejissima fartura & abastança de todas as cousas necessarias, gente, trato, & embarcaçoẽs sem conto, justiça, gouerno, corte pacífica, estado de Tutoẽs, Chaẽs, Anchacys, Aytaos, Puchancys, & Bracaloẽs, porque todos estes gouernão reynos & prouincias muyto grandes, & cõ ordenados grossissimos, os quais residem continuamente nesta cidade, ou outros em seu nome, quando por casos que soccedem se mandão pelo reyno a negocios de importancia.
  3. [1677](Cap. 124) E despois de a ter toda recolhida, se passou para outra cidade muyto mayor & muyto mais nobre, que se chamaua Tuymicão, onde foy visitado pessoalmente de algũs principes seus comarcãos, & por embaixadores o foy tambem doutros Reys & senhores de mais longe, de que os principaes forão seis assaz grandes & poderosos, quais forão o Xatamaas Rey dos Persas, o Siammom Emperador dos Gueos, que confina por dentro deste sertão co Bramaa do Tanguu, o Calaminhan senhor da força bruta dos elifantes da terra, como ao diante direy quando tratar delle, & do seu senhorio, o Sornau de Odiaa, que se intitula Rey de Sião, cujo senhorio cõfina por distãcia de setecentas legoas de costa, como he de Tanauçarim a Champaa cos Malayos & Berdios & Patanes, & pelo sertaõ, co Passiloco & Capimper, & Chiammay, & Lauhos, & Gueos, de maneyra que este somente tem dezassete reynos em seu senhorio, o qual entre esta gentilidade toda se intitula por grao mais supremo, senhor do elifante branco, outro era o Rey dos Mogores, cujo reyno & senhorio jaz por dentro do sertão entre o Coraçone que he jũto da Persia, & o reyno do Dely & Chitor, & hum Emperador que se chamaua o Carão, cujo senhorio, segũdo aquy soubemos, confina por dentro dos montes de Goncalidau em sessenta graos auante, com hũa gente a que os naturaes da terra chamão Moscoby, da qual gente vimos alguns homens aquy nesta cidade, que saõ ruyuos, & de estatura grande, vestidos de calçoẽs, roupetas & chapeos ao modo que nesta terra vemos vsar os Framengos & os Tudescos, & os mais honrados trazião roupoẽs forrados de pelles, & algũs de boas martas, trazião espadas largas & grandes, & na lingoagem que fallauão lhe notamos algũs vocablos Latinos, & quando espirrauão dezião tres vezes dominus, dominus, dominus.
  4. [2035](Cap. 146) Auendo ja quasi oito meses que estes nossos cem homens andando nesta costa embarcados em quatro fustas muyto bem concertadas, em que tinhão tomadas vinte & tres naos de presas muyto ricas, & outros muytos nauios pequenos, as gentes que custumauão a nauegar por aquella costa andauão ja tão assombradas do nome Portuguez, que de todo deixaraõ o comercio de suas viagẽs, & vararaõ os seus nauios em terra, por onde as alfandegas destes portos de Tanauçarim, Iũçalão, Merguim, Vagaruu, & Tauay perdião muyto dos seus rendimentos, pelo que foy forçado a estes pouos darem cõta disso ao Emperador do Sornau Rey de Sião, que he senhor supremo de toda esta terra, paraque prouesse neste mal de que todos geralmente se queixauão, o qual proueo logo da cidade de Odiaa onde então estaua com muyta presteza, mandando vir da frontaria dos Lauhos hum seu capitão Turco por nome Heredim Mafamede, o qual no anno de 1538. viera de Suez na armada de Soleimão Baxà Visorrey do Cayro, quando o graõ Turco o mandou sobre a India, & desgarrando este em hũa galé do corpo da armada, veyo ter a esta costa de Tanauçarim, onde aceitou partido deste Sornau Rey de Sião, & o seruio de fronteyro mòr na arraya do reyno dos Lauhos, com doze mil cruzados de soldo por anno.
  5. [2037](Cap. 146) Este soberbo Turco, oufano & cheyo de vaydade cõ as nouas merces & noua promessa que el Rey lhe fizera, se partio para Tanauçarim com muyta pressa, onde chegado fez logo hũa armada de dez vellas para yr pelejar cos nossos, & tão confiado em ter victoria, que em reposta de algũas cartas que o Sornau lhe escreuera da cidade de Odiaa, lhe respondeo elle hũa que dezia estas palauras.
  6. [2686](Cap. 181) E auendo pouco mais de hum mês que estaua nesta cidade esperando pela monção da China para me yr para Iapaõ em companhia de outros seis ou sete Portugueses que para là hião, com cem cruzados de emprego, que os dous com que viera de Çunda me tinhão emprestado, chegou noua certa a el Rey de Siaõ, que então estaua nesta cidade de Odiaa com toda sua corte, que o Rey do Chiammay confederado cos Timocouhós, cos Laos, &cos Gueos, (que saõ quatro naçoẽs de gentes que contra o Nordeste senhoreaõ a mayor parte deste sertão, por cima do Capimper, & Passiloco, & saõ todos senhores absolutos sem darem obediencia a ninguem, muyto ricos & poderosos, & de grandes estados) tinhão posto cerco â cidade de Quitiruão, & morto o Oyaa Capimper fronteyro mór daquella arraya cõ mais de trinta mil homẽs.
  7. [2702](Cap. 182) E em noue dias chegou á cidade de Odiaa principal de todo o seu reyno, & onde o mais do tempo residiu com toda a corte, na qual se lhe fez hum muito custoso recebimento de diuersas inuençoẽs em que o pouo gastou muito de sua fazenda, que durarão por tempo de quatorze dias conforme aos estatutos das suas gẽtilicas seitas.
  8. [2718](Cap. 183) Este Francisco de Crasto foy ter á cidade de Odiaa no tempo que eu estaua nella, onde foy muyto bem recebido do Rey de Sião, & lhe deu a carta que leuaua para elle, o qual despois de a lér, & de lhe preguntar por algũas cousas nouas & de curiosidade, lhe deu logo ali a reposta (o qual elle não custumaua a fazer a outro nenhum embaixador) que foy esta, quanto ao Domingos de Seixas que o capitão de Malaca me manda pedir, apontãdome o muyto gosto que el Rey de Portugal terâ se lho mandar, o mesmo me fica a mim de lho conceder, & daquy lho ey por dado com todos os mais que elle lâ onde estâ traz comsigo, de que o Francisco de Crasto lhe deu as graças prostrandose tres vezes com a cabeça no chão, como se lhe custuma a fazer por ser Rey mais supremo que todos os outros; & tanto que chegou o tempo de se poder partir o Frãcisco de Crasto para Malaca, mandou vir o Domingos de Seixas da cidade de Guntaleu onde então estaua por fronteyro mór daquella arraya com trinta mil homẽs de pé, & cinco mil de cauallo, & dezoito mil cruzados cada anno de partido, & em sua cõpanhia fez tambem vir os dezasseis Portugueses que cõ elle andauão, & os entregou a todos ao Frãcisco de Crasto, o qual de nouo lhe tornou a dar as graças pela merce que lhe fazia.
  9. [2728](Cap. 183) Daly a dous ou tres meses, neste mesmo anno de 1545. sendolhe muyto necessario a este Rey de Sião acudir a hũa entrada que o Rey dos Tuparahos lhe vinha fazendo pela parte do Passiloco, destruindo & saqueando alguns lugares mais fracos daquella arraya, com proposito de vir cercar as fortalezas de Xiuau & Lantor, das quais pendia toda a segurança daquelle estado, determinou de yr elle em pessoa a este negocio, & para isto mandou pelo reyno vinte coroneis a fazer hũa certa quantidade de gente, aos quais mandou que em termo de vinte dias viessem com ella a aquella cidade de Odiaa, donde determinaua de partir, & lhes pòs a todos grauissimas penas que não escusassem nenhum homem que pudesse pelejar, tirando os doentes, ou os pobres, ou os de sessenta annos para cima, & a cada hum destes coroneis foy sinalada a comarca em que auia de yr fazer a sua gente.
  10. [2732](Cap. 183) E chegando cõ esta gente desta maneyra a Odiaa, deu sua vista cõ ella a el Rey como fazião todos os outros coroneis com a sua.
  11. [2763](Cap. 185) Como o Rey do Bramaa emprendeo tomar este reyno Sião, & do que passou atè chegar â cidade de Odiaa.
  12. [2773](Cap. 185) E partindose daquy para a cidade do Sacotay, que estaua daly noue legoas, desejoso de se satisfazer nella mais à sua vontade, chegou à vista della hum sabado quasi sol posto, & se alojou ao longo do rio Leibrau (que he hum dos tres que saem do lago do Chiãmay, do qual ja atras tenho feito menção) cõ proposito de fazer por aquella parte seu caminho para a cidade de Odiaa que he a metropoly do imperio Sornau, onde tinha por nouas que o nouo Rey então estaua, & que se fazia prestes para pelejar com elle no campo, com a qual noua o Rey Bramaa foy aconselhado que por nenhum caso se detiuesse em lugar nenhũ, assi por não gastar o tempo, como por se não desfazer do poder que leuaua, visto estar ja toda a terra amotinada, & as forças que se pretendião tomar tão fortificadas, que seria possiuel deterse tanto nellas, & custaremlhe taõ caro, que ja quando chegasse a Odiaa leuaria a mayor parte da gente consumida, & os mantimentos de todo gastados.
  13. [2775](Cap. 185) E chegando a hum lugar que se dezia Tilau, que he nas costas de Iuncalão para a parte do Sudueste junto do reino Quedaa, cento & quarenta legoas de Malaca, tomou a cidade de Iuropisaõ, cujo capitão lha entregou a partido, & leuando ja daquy guias que sabiaõ a terra, em mais noue dias de caminho chegou á vista da cidade Odiaa, sobre a qual assentou seu campo, & o cercou de trunqueiras & vallos muito fortes.
  14. [2776](Cap. 186) Como el Rey do Bramaa deu o primeyro assalto a esta cidade Odiaa, & do successo delle.
  15. [2825](Cap. 189) A metropoli de todo este imperio he esta cidade Odiaa, de que ategora tenho tratado, esta só he cercada de muros de taipa, & tijolos, & adobes.
  16. [2834](Cap. 189) E realmente affirmo que de cousas que vy nesta cidade de Odiaa sómente pudera ainda contar muitas mais particularidades do que contey de todo o reyno, mas deixo de o fazer por não causar aos que isto lerem a magoa que eu tenho de ver o muyto que por nossos peccados nesta parte perdemos, & o muito que puderamos ganhar.
  17. [2841](Cap. 190) E assi no tempo que o Rey Bramaa foy sobre o reyno de Sião, & após cerco à cidade de Odiaa, como atras fica dito, pregando o Xemindoo então na varella do Comquiay de Pegù, que he como See de todas as outras, a hum grande concurso de gente, lhe tratou com muytas palauras da perdição daquelle reyno, da morte do seu Rey natural, & dos grandes insultos, crueis mortes, & outros muytos males que os Bramas tinhão feito naquella nação Pegua, com tanto desacatamento & offensa de Deos, que até as casas ricas, instituidas com as esmollas dos bons para templos de seu louuor, erão ja por elles todas assolladas, & postas por terra.

(2) Objecto geográfico interpretado

Cidade (metrópole). Parte de: Sião.

Referente contemporâneo: Phra Nakhon Si Ayutthaya, Thailand (AS). Lat. 14.351670, long. 100.577390.

Cidade. FMP (cap. 36): “metrópoli deste império Sornau e reino Sião”. FMPP (vol. 4, p. 27): Ayutthaya. GT: Aiutia, 13º N, 100º 30′ E. M.C. Flores (1991:155): Odiá ou Hudia, 14º N, 100º 30′ E. Rita Bernardes de Carvalho (2006:53-54): situada na ilha formada pelo rio Chao Phraya.

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