O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Tanauquir. Tanauquir 45(2), 46(2), 47(1), 49(2).

Nas orações: 546, 548, 549, 550, 570, 591, 600.

  1. [546](Cap. 45) E assi te aconselho que te vàs por esta enseada dentro, & sempre co prumo na mão, porque tem muytos baixos, & muyto perigosos, ate hum bom rio que se chama Tanauquir, porque nelle tẽs bõ surgidouro em que podes estar seguro & à tua vontade, & em dous dias poderàs vender toda essa fazenda que leuas, & outra muyta mais se a tiueres, mas não te aconselho que a desembarques em terra, porque muytas vezes a vista causa cubiça, & a cubiça, desmancho na gente quieta, quanto mais na reuoltosa & de mà consciencia, que tẽ por natureza inclinarse mais a tomar o alheyo, que a dar do seu aos necessitados pelo amor de Deos.
  2. [548](Cap. 45) Não quiz Antonio de Faria engeitar o conselho deste homem, & arreceando que pudesse ser verdade o que lhe elle dizia, se fez logo à vella, & passandose á outra costa da banda do Sul, em dous dias de ventos oestes chegou ao rio de Tanauquir, no qual surgio defronte de hũa aldea pequena chamada Neytor.
  3. [549](Cap. 46) Do que Antonio de Faria passou neste rio de Tanauquir com hum Cossayro renegado por nome Francisco de Saa.
  4. [550](Cap. 46) Na boca deste rio de Tanauquir nos deixamos estar surtos toda aquella noite, com tenção de tanto que fosse menham nos yrmos para a cidade, que era daly cinco legoas, a ver se nella por qualquer via de concerto podiamos vender a fazenda que leuauamos, porque como era muyta, traziamos as embarcaçoẽs tão carregadas, que não auia dia que não dessemos duas tres vezes em seco nos baixos dos parceis, que em partes eraõ de quatro cinco legoas, com hũs alfaques de coroas de arca tão baixos que não ousauamos a velejar senão muyto de dia, & sempre co prumo na mão, pelo que se assentou que antes que se entendesse em outra cousa algũa, nos despejassemos de toda a fazenda que leuauamos, & por isso Antonio de Faria não cuydaua em outra cousa se não em buscar porto onde a vendesse.
  5. [570](Cap. 47) E despois de estarmos aquy surtos treze dias sobola amarra, & bem enfadados com temporais pela proa, & algum tanto ja faltos de mantimento, quiz a nossa boa fortuna que a caso ja sobola tarde vieraõ dar de rosto com nosco quatro lanteaas de remo que saõ como fustas, em que hia hũa noiua para hũa aldea daly noue legoas que se dezia Panduree, & como todos vinhão de festa, eraõ tantos os atabaques, & bacias, & sinos com que tangião, que não auia quem se pudesse ouuir com a vozaria & matinada delles, & não entendendo os nossos o que isto podia ser, lhes pareceo que eraõ espias da armada do Capitão de Tanauquir que podia vir em busca de nòs, Antonio de Faria mandando logo arriar das amartas, se preparou para tudo o que viesse; & assi embandeyrado & com mostras de muyta alegria esperou que os das lanteaas chegassem a bordo, os quais tanto que nos viraõ assi todos juntos, & com as mesmas mostras de festa que elles trazião, parecendolhe que era o noiuo que os vinha esperar ao caminho, se vieraõ com muyto prazer direitos a nòs, & despois de se fazerem as suas & as nossas saluas a Charachina, como entre esta gente se custuma, se tornaraõ a afastar para junto de terra, & aly surgiraõ.
  6. [591](Cap. 49) Receoso Antonio de Faria de poder vir por terra algum recado ou noua do que tinha feito ao ladraõ no rio de Tanauquir, & lhe pudessem por isso prejudicar em algũa cousa, não quiz desembarcar a fazenda na alfandega, como os officiaes della querião, pelo que ouue assaz de desgosto, & de trabalho, de maneyra que por duas vezes o negocio esteue de todo desbaratado.
  7. [600](Cap. 49) E cõ quanto isto se fez com toda a breuidade possiuel, nem isso bastou para que antes de se acabar deixasse de vir a noua do que tinhamos feito ao ladraõ no rio de Tanauquir, com que toda a terra se amotinou de maneyra que nenhũa pessoa nos quiz mais vir a bordo como antes fazião, pelo qual foy forçado a Antonio de Faria fazerse à vella, & muyto depressa.

(2) Objecto geográfico interpretado

Rio (cidade). Parte de: Cauchenchina.

Rio. GT: na ilha de Ainão. Charles Wheeler (FMPP: vol. 3, p. 90)
relaciona com o Reino Dai Viet. FMP vai da costa de Ainão à outra costa do sul, na Cochinchina, ao rio de Tanauquir, cinco léguas da sua boca há uma cidade de actividade comercial. Baseando-me na localização de Quangepaarù e Mutipinão, a 40 léguas (cap. 47), situo como possível e só vagamente aproximado.

Voltar ao índice de entidades