O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Tanixumaa. Tanixumâ 137(1).

Nas orações: 1876.

  1. [1876](Cap. 137) Do que mais passey no negocio deste moço, & como me embarquey para Tanixumâ, & dahy para Liãpoo, & do que me aconteceo despois que ahy cheguey.

Tanixumaa 132(2), 133(2), 134(1), 135(3), 136(2), 137(2), 140(1), 143(1), 200(1), 223(2).

Nas orações: 1788, 1801, 1804, 1805, 1830, 1840, 1844, 1849, 1861, 1863, 1887, 1888, 1918, 1990, 3020, 3515, 3532.

  1. [1788](Cap. 132) Como nos partimos desta cidade de Huzamguee, & do que nos aconteceo atè chegarmos â ilha de Tanixumaa que he a primeyra terra do Japão.
  2. [1801](Cap. 132) E surgindo nòs no rosto da ilha em setenta braças, nos sayraão da terra duas almadias pequenas em que vinhaõ seis homẽs, os quais chegando a bordo, dospois de fazerem suas saluas & cortesias a seu modo, nos preguntarão donde vinha o junco, a que se respondeo que da China com mercadarias para fazer ahy veniaga com elles, se para isso nos dessem licença, hum dos seys nos respõdeo, que a licença o Nautoquim senhor daquella ilha Tanixumaa a daria de boa vontade se lhe pagassemos os direytos que se custumauão pagar em Iapaõ, que era aquella grande terra que defronte de nos apparecia.
  3. [1804](Cap. 133) Como desembarcamos nesta ilha de Tanixumaa, & do que passamos co senhor della.
  4. [1805](Cap. 133) Naõ auia indu bem duas horas que estauamos surtos nesta calheta de Miaygimaa, quando o Nautoquim principe desta ilha de Tanixumaa se veyo ao nosso junco acompanhado de muytos mercadores & de gente nobre, cõ grande soma de caixoẽs cheyos de prata para fazer fazenda.
  5. [1830](Cap. 134) O Zeimoto vendoos tão pasmados, & o Nautaquim tão contente, fez perante elles tres tiros em que matou hum milhano & duas rolas, & por não gastar palauras no encarecimento deste negocio; & por escusar de cõtar tudo o que se passou nelle, porque he cousa para se não crer, não direy mais senão que o Nautaquim leuou o Zeimoto nas ancas de hũ quartao em que hia, acompanhado de muyta gente, & quatro porteyros com bastoẽs ferrados nas mãos, os quais bradando ao pouo, que neste tempo era sem cõto, dezião, o Nautaquim principe desta ilha Tanixumaa, & senhor de nossas cabeças manda & quer que todos vós outros, & assi os mais que habitão a terra dantre ambos mares honrem & venerem este Chenchicogim do cabo do mundo, porque de oje por diante o faz seu parente assi como os facharoẽs que se assentão junto de sua pessoa, so pena de perder a cabeça o que isto não fizer de boa vontade, a que todo o pouo cõ grande tumulto de vozes, respondia, assi se farâ para sempre.
  6. [1840](Cap. 135) Avendo jâ vinte & tres dias que estauamos nesta ilha de Tanixumaa descançados & contẽtes, passando o tempo em muytos desenfadamentos de pescarias & caças a que estes Iapoẽs comummente saõ muyto inclinados, chegou a este porto hũa nao do reyno do Bungo, em que vinhão muytos mercadores, os quais desembarcando em terra foraõ logo visitar o Nautoquim com seus presentes, como tem por custume.
  7. [1844](Cap. 135) Olho direyto do meu rosto, assentado igual de mim como cada hũ dos meus amados, Hyascarão goxo Nautoquim de Tanixumaa, eu Oregemdoo vosso pay no amor verdadeyro de minhas entranhas, como aquelle de quem tomastes o nome & o ser de vossa pessoa, Rey do Bũgo & Facataa, senhor da grande casa da Fiancima, & Tosa, & Bandou, cabeça suprema dos Reys pequenos das ilhas do Goto & Xamanaxeque, vos faço saber filho meu pelas palauras de minha boca ditas a vossa pessoa, que os dias passados me certificarão homens que vierão dessa terra que tinheis nessa vossa cidade hũs tres Chenchicogins do cabo do mũdo, gente muyto apropriada aos Iapoẽs, & que vestem seda & cingem espadas, não como mercadores que fazem fazenda, senão como homẽs amigos de honra, & que pretendẽ por ella dourar seus nomes, & que de todas as cousas do mundo que lâ vão por fora vos tem dado grãdes informaçoẽs, nas quais afirmão em sua verdade que ha outra terra muyto mayor que esta nossa, & de gẽtes pretas & baças, cousas increiueis ao nosso juizo, pelo que vos peço muyto como a filho igual aos meus, que por Fingeandono, por quẽ mando visitar minha filha, me queirais mandar mostrar hum desses tres que me lá dizem que tendes pois, como sabeis, mo está pedindo a minha prolongada doença & má disposição, cercada de dores, & de muyta tristeza, & de grãde fastio, & se tiuerem nisto algũ pejo, os segurareis na vossa & na minha verdade, que logo sem falta o tornarey a mãdar em saluo, & como filho que deseja agradar a seu pay, fazey que me alegre cõ sua vista, & que me cũpra este desejo, & o mais que nesta deixo de vos dizer, vos dirâ Fingeandono, pelo qual vos peço que liberalmente partais comigo de boas nouas de vossa pessoa & de minha filha, pois sabeis que he ella a sobrancelha do meu olho direyto, com cuja vista se alegra meu rosto.
  8. [1849](Cap. 135) E gracejãdo cos seus sobre esta materia cõ algũs ditos & galantarias, a que naturalmente saõ muyto inclinados, chegou o Fingeindono, ao qual me elle logo entregou com palauras de muyto encarecimento a cerca da segurãça de minha pessoa, de que me eu ouue por muyto satisfeito, & fiquey fora de algũs receyos que antes se me representauão pelo pouco conhecimẽto que atè então tinha desta gẽte, & me mandou dar duzẽtos taeis para o caminho, cos quais me fiz prestes o mais depressa que pude, & nos partimos o Fingẽdono & eu em hũa embarcação de remo a que elles chamão funce, & atrauessãdo hũa só noite daquy desta ilha de Tanixumaa, fomos amanhecer no rosto da terra em hũa angra por nome Hiamangoo, & dahy a hũa boa cidade que se dezia Quãguixumaa; & vellejando assi por nossa derrota cõ monção tẽdente de vẽtos bonanças, chegamos ao outro dia a hũ lugar nobre por nome Tanorâ, & deste fomos ao outro dia dormir a outro que se chamaua Minato, & dahy a Fiungaa.
  9. [1861](Cap. 136) E querẽdo pòr em effeito curarse com elle, o mandou buscar a Tanixumaa onde o junco estaua, & se curou com elle, & foy logo saõ em trinta dias, auendo jà dous annos que daquella infirmidade estaua entreuado na cama sem se poder bulir, nem mandar os braços.
  10. [1863](Cap. 136) Os desta terra, para quem este modo de tiro de fogo foy cousa tão noua como para os de Tanixumaa, vendo hũa cousa que até então naõ tinhaõ visto, foy tamanho o caso que fizeraõ disso, que o naõ sey encarecer.
  11. [1887](Cap. 137) Neste tempo, sendo eu auisado por cartas dos dous Portugueses que ficaraõ em Tanixumaa, que o cossayro Chim com quem aly vieramos, se fazia prestes para se partir para a China, dey conta disso a el Rey, & lhe pedy licença para me tornar, a qual me elle deu muyto leuemente, & com palauras de muytos agredecimentos pela cura de seu filho.
  12. [1888](Cap. 137) E mandandome logo esquipar hũa funce de remo apercebida de todo o necessario, & com vinte criados seus, & hum homem nobre por capitão della, me party desta cidade do Fucheo hum sabado pela menham, & â sesta feira logo seguinte ao Sol posto chegamos a Tanixumaa onde achey os meus dous companheyros que me receberaõ com assaz de alegria.
  13. [1918](Cap. 140) & nos lhe respondemos, que por sermos mercadores, & termos por officio tratar cõ nossas fazendas, nos embarcaramos no reyno da China do porto de Liãpoo para Tanixumaa, onde jâ tinhamos ido algũas vezes, & que sendo tanto auãte como a ilha do fogo nos dera hũa tamanha tormenta que não podendo pairar o mar, nos fora forçado correr em popa ao som do vẽto tres dias com suas noites, no fim dos quais vararamos co junco por cima da restinga de Taidacão, onde de nouenta & duas pessoas que eramos se afogaraõ logo as sessenta & oito, & nòs os vinte & quatro que aly via diante de sy, nos saluara Deos milagrosamente, sem outra cousa mais que sós aquellas chagas que via nos nossos corpos.
  14. [1990](Cap. 143) São muyto comedores, & dados às delicias da carne, pouco inclinados às armas, & muyto faltos dellas, por onde parece que será muyto facil conquistallos, em tanto que no anno de 1556. chegou a MalacaPortuguez por nome Pero Gomez Dalmeyda, criado do mestre de Santiago, com hum grande presente & cartas do Nautoquim principe da ilha Tanixumaa para el Rey dom Ioaõ o terceyro que santa gloria aja, & toda a sustancia do seu requerimento vinha fundada em lhe pedir quinhentos homẽs para cõ elles & com a sua gente conquistar esta ilha Lequia, & ficarlhe por isso tributario em cinco mil quintaes de cobre, & mil de latão em cada hum anno, a qual embaixada não ouue effeito por vir este recado a este reyno no Galeão em que se perdeo Manoel de Sousa de Sepulueda.
  15. [3020](Cap. 200) Eu cõ outros 26. cõpanheyros nos fomos para Malaca, õde despois que chegamos, me detiue eu hũ més sòmẽte, & me torney a embarcar para Iapão cõ hũ Iorge Aluarez natural de Freixo de espada cinta, que em hũa nao de Simão de Mello capitaõ da fortaleza hia para là de veniaga, & auendo ja 26. dias que vellejauamos por nossa derrota com mouçaõ tendente de ventos bonanças, ouuemos vista de hũa ilha que se dezia Tanixumaa noue legoas ao Sul da primeira põta da terra Iapão, & põdo a proa nella, fomos ao outro dia surgir no meyo da angra, que he o surgidouro da cidade Guanxiroo, onde o Nautaquim principe della por sua curiosidade, & por ver cousa noua que nũca aly vira, se veyo logo a nosso bordo, & espãtado do aparato & do vellame da nao, por ser a primeyra que fora a aquella terra, mostrou que folgaua muito cõ a nossa vinda, & nos pedio por algũas vezes que quisessemos ahy fazer fazẽda cõ elle, de que o Iorge Aluarez & os mercadores se escusaraõ por causa de não ser o porto seguro para a nao, se lhe sobreuiesse qualquer tẽporal.
  16. [3515](Cap. 223) Chegada a moução em que podiamos fazer nossa viagẽ nos partimos desta ilha Lãpacau aos 7. de Mayo do ãno de 1556. embarcados em hẽa nao de que era capitão & senhorio dõ Francisco Mascarenhas dalcunha o palha, que aquelle anno ahy residira por capitão mór; & cõtinuando por nossa derrota por tẽpo de quatorze dias, ouuemos vista das primeyras ilhas que estão em altura de 35. graos, que por graduaçaõ demoraõ a Loesnoroeste da de Tanixumaa, o piloto então conhecido á mâ nauegação que leuaua, se fez na volta do Sudueste a demandar a põta da serra de Minatoo.
  17. [3532](Cap. 223) Entrando então ellas para dentro de outra casa se detiueraõ hum pequeno espaço, & as que ficaraõ fora se desenfadaraõ entre tãto bẽ â nossa custa com muytas graças & zombarias de que todos estauamos bẽ corridos, ao menos os quatro, por serem mais noueis & não entenderem a lingoa, porque eu jâ em Tanixumaa tinha visto outra farça que se teue com Portugueses semelhante a esta, & por algũas vezes as tinha visto tambẽ noutras partes.

(2) Objecto geográfico interpretado

Ilha. Parte de: Iapaõ.

Referente contemporâneo: Tanega Shima, Japan (AS). Lat. 30.666670, long. 131.000000.

Ilha. FMP: “a primeyra terra do Japão” (cap. 132). GT: Tanegashima 30º 40′ N, 131º E.

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