O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Chiammay. Chiãmay 181(1), 182(1), 185(1).

Nas orações: 2683, 2698, 2773.

  1. [2683](Cap. 181) Como deste porto de Çunda fuy ter a Sião donde em cõpanhia doutros Portugueses fuy cõ el Rey â guerra do Chiãmay, & do successo della.
  2. [2698](Cap. 182) A Raynha, por se não atreuer a resistir ao poder del Rey de Sião, se fez por concerto sua tributaria em cinco mil turmas de prata cada anno, que fazem da nossa moeda sessenta mil cruzados, & lhe fez logo pagamento de cinco annos dantemão, & a fora isto lhe entregou o Reizinho seu filho por seu vassallo, o qual el Rey leuou comsigo para Sião; & com isto leuantou o cerco, & passou adiante contra o Nordeste, para a cidade de Taysiraõ, onde teue por nouas que o Rey do Chiãmay estaua ja desfeito da liga passada.
  3. [2773](Cap. 185) E partindose daquy para a cidade do Sacotay, que estaua daly noue legoas, desejoso de se satisfazer nella mais à sua vontade, chegou à vista della hum sabado quasi sol posto, & se alojou ao longo do rio Leibrau (que he hum dos tres que saem do lago do Chiãmay, do qual ja atras tenho feito menção) cõ proposito de fazer por aquella parte seu caminho para a cidade de Odiaa que he a metropoly do imperio Sornau, onde tinha por nouas que o nouo Rey então estaua, & que se fazia prestes para pelejar com elle no campo, com a qual noua o Rey Bramaa foy aconselhado que por nenhum caso se detiuesse em lugar nenhũ, assi por não gastar o tempo, como por se não desfazer do poder que leuaua, visto estar ja toda a terra amotinada, & as forças que se pretendião tomar tão fortificadas, que seria possiuel deterse tanto nellas, & custaremlhe taõ caro, que ja quando chegasse a Odiaa leuaria a mayor parte da gente consumida, & os mantimentos de todo gastados.

Chiammay 41(1), 70(1), 112(1), 124(1), 128(1), 166(1), 181(1), 182(3), 184(1).

Nas orações: 499, 848, 1500, 1677, 1739, 2455, 2686, 2696, 2699, 2703, 2757.

  1. [499](Cap. 41) E no meyo de toda esta terra, ou reyno, como ja foy antiguamente, està hum grande lago, a que os naturaes da terra chamão Cunebetee, & outros o nomeão por do Chiammay, do qual procede este rio com outros tres mais que regão muyto grande quantidade desta terra, o qual lago, segundo affirmão os que escreueraõ delle, tem em roda sessenta jaõs, de tres legoas cada jão, ao longo do qual ha muytas minas de prata, cobre, estanho, & chumbo, de que continuamente se tira muyta quantidade destes metais que de veniaga leuão mercadores em cafilas de alifantes & badas aos reynos de Sornau, que he o de Sião, Passiloco, Sauady, Tangù, Prom, Calaminhan, & outras prouincias que pelo sertão desta costa de dous & tres meses de caminho estão diuididas em senhorios & reynos de gentes brancas, de baças, & de outras mais pretas.
  2. [848](Cap. 70) No fim do qual tempo se fez Antonio de Faria prestes de embarcaçoẽs & gente para yr às minas de Quoangeparù, & porque neste meyo tempo fallecera Quiay Panjaõ, que elle muyto sentio, foy aconselhado que as não cometesse, porque se soaua por noua certa que andaua là a terra muyto inquieta, por causa das guerras que o Prechau Muhaõ tinha co Rey do Chiammay, & cos Pafuaas, & co Rey do Champaa.
  3. [1500](Cap. 112) E esta seita com todas as mais que se achão neste barbarismo da China, que, segundo eu soube delles, & ja disse algũas vezes, saõ trinta & duas, vieraõ do reyno de Pegù ter a Sião, & daly por sacerdotes & cabizondos se espalharaõ por toda a terra firme de Cãboja, Champaa, Laos, Gucos, Pafuas, Chiammay, imperio de Vzanguee, & Cauchenchina, & pelo arcipelago das ilhas de Ainão, Lequios, & Iapaõ, ate os confins do Miacoo & Bandou, de maneyra que a peçonha destes erpes corrõpeo tamanha parte do mũdo como a maldita seita de Mafamede.
  4. [1677](Cap. 124) E despois de a ter toda recolhida, se passou para outra cidade muyto mayor & muyto mais nobre, que se chamaua Tuymicão, onde foy visitado pessoalmente de algũs principes seus comarcãos, & por embaixadores o foy tambem doutros Reys & senhores de mais longe, de que os principaes forão seis assaz grandes & poderosos, quais forão o Xatamaas Rey dos Persas, o Siammom Emperador dos Gueos, que confina por dentro deste sertão co Bramaa do Tanguu, o Calaminhan senhor da força bruta dos elifantes da terra, como ao diante direy quando tratar delle, & do seu senhorio, o Sornau de Odiaa, que se intitula Rey de Sião, cujo senhorio cõfina por distãcia de setecentas legoas de costa, como he de Tanauçarim a Champaa cos Malayos & Berdios & Patanes, & pelo sertaõ, co Passiloco & Capimper, & Chiammay, & Lauhos, & Gueos, de maneyra que este somente tem dezassete reynos em seu senhorio, o qual entre esta gentilidade toda se intitula por grao mais supremo, senhor do elifante branco, outro era o Rey dos Mogores, cujo reyno & senhorio jaz por dentro do sertão entre o Coraçone que he jũto da Persia, & o reyno do Dely & Chitor, & hum Emperador que se chamaua o Carão, cujo senhorio, segũdo aquy soubemos, confina por dentro dos montes de Goncalidau em sessenta graos auante, com hũa gente a que os naturaes da terra chamão Moscoby, da qual gente vimos alguns homens aquy nesta cidade, que saõ ruyuos, & de estatura grande, vestidos de calçoẽs, roupetas & chapeos ao modo que nesta terra vemos vsar os Framengos & os Tudescos, & os mais honrados trazião roupoẽs forrados de pelles, & algũs de boas martas, trazião espadas largas & grandes, & na lingoagem que fallauão lhe notamos algũs vocablos Latinos, & quando espirrauão dezião tres vezes dominus, dominus, dominus.
  5. [1739](Cap. 128) Outro, que se chama Iangumaa, cortando ao Sul & ao Sueste, & atrauessando muyto grande parte da terra, como he o reyno do Chiammay, os Laos, os Gueos, & algũa parte do Dãbambuu, entra no mar pela barra de Martauão no reyno de Peguu, & ha de distancia de hum ao outro pela graduaçaõ dos seus climas, mais de setecentas legoas.
  6. [2455](Cap. 166) Vimos outra nação de homens muyto ruyuos, & algũs com algũas sardas, & muyto barbaçudos, & tinhaõ as orelhas & os narizes furados, & nos buracos hũs reuites douro como colchetes, estes se chamauão Ginafógaos & a prouincia donde erão naturais, Surobasoy, os quais por dentro dos montes dos Lauhos confinaõ co lago do Chiammay, & destes huns andão vestidos de pelles em cabello, & outros de pelles escodadas, & andão descalços, & com as cabeças sempre descubertas.
  7. [2686](Cap. 181) E auendo pouco mais de hum mês que estaua nesta cidade esperando pela monção da China para me yr para Iapaõ em companhia de outros seis ou sete Portugueses que para là hião, com cem cruzados de emprego, que os dous com que viera de Çunda me tinhão emprestado, chegou noua certa a el Rey de Siaõ, que então estaua nesta cidade de Odiaa com toda sua corte, que o Rey do Chiammay confederado cos Timocouhós, cos Laos, &cos Gueos, (que saõ quatro naçoẽs de gentes que contra o Nordeste senhoreaõ a mayor parte deste sertão, por cima do Capimper, & Passiloco, & saõ todos senhores absolutos sem darem obediencia a ninguem, muyto ricos & poderosos, & de grandes estados) tinhão posto cerco â cidade de Quitiruão, & morto o Oyaa Capimper fronteyro mór daquella arraya cõ mais de trinta mil homẽs.
  8. [2696](Cap. 182) E tanto que os seus feridos conualeceraõ, pondo aos lugares daquella frontaria a guarda que lhe pareceo necessaria, foy aconselhado pelos seus que fosse fazer guerra ao reyno de Guibem que distaua daly quinze legoas adiante para a parte do Norte, porque a Raynha delle dera entrada ao Rey do Chiammay por suas terras, & fora em consentimento dos males passados, & da morte do Oyaa Capimper, & dos trinta mil que morreraõ com elle.
  9. [2699](Cap. 182) E auẽdo seis dias que já caminhaua pela terra dos inimigos, saqueãdo quãtos lugares achaua, sem querer que se desse vida a macho nenhum, chegou ao lago de Singuapamor, a que o comum da gẽte chama do Chiammay, no qual se deteue vinte & seis dias, nos quais tomou doze lugares muyto nobres & ricos & bem cercados de muros & cauas com seus baluartes ao nosso modo, mas tudo de tijolo & de taipa sem auer cousa nenhũa de pedra & cal, por se não custumar naquellas partes, nem artilharia, mais que somẽte berços & mosquetes de bronzo.
  10. [2703](Cap. 182) E porque a Raynha sua molher nestes cinco meses que elle estiuera ausente lhe tinha cometido adulterio cõ hũ seu comprador que se chamaua Vquumcheniraa do qual a este tẽpo que el Rey aquy chegou era ja prenhe de quatro meses, arreceosa do que era razão que se arreceasse, determinou, por se saluar do perigo em que estaua de matar el Rey seu marido cõ peçonha, & sem fazer mais detença lha deu logo em hũa porcelana de leite, de que não viueo mais que sós cinco dias, no qual espaço de tempo proueo por seu testamento algũas cousas do reyno, & satisfez as obrigapoens dos estrangeiros, que o tinhão seruido nesta guerra do Chiammay, dõde tinha vindo auia menos de vinte dias.
  11. [2757](Cap. 184) E os primeyros porque lançou mão foraõ dous dos deputados daquelle gouerno, que se chamauão Pinamonteo, & Comprimuão, affirmando delles que se carteauão co Rey do Chiammay, para por suas terras lhe darem entrada no reyno, & so color de justiça os mandou matar a ambos, & confiscarlhe os estados, hum dos quais deu ao seu amigo, & o outro a hum seu cunhado, que, segundo se dezia, fora ferreyro.

(2) Objecto geográfico interpretado

Reino (lago). Parte de: Indochina.

Referente contemporâneo: Chiang Mai, Thailand (AS). Lat. 18.790380, long. 98.984680.

Reino, lago. FMP refere-se na maior parte dos casos ao reino que GT s.v. Chiamai, reino de identifica com Kiang-Mai em 18º 46’N, 98º 53′ E seguindo a João de Barros. Esta ubicação coincide também com a descrição de FMP, que o faz confinar com o reino de Sião e também o situa por cima de Capimper. Mais difícil é situar o lago Chiammay (93i; 429ii; 473) também chamado Cunebetee ou Singuapamor ao que FMP se está a referir de modo indirecto. GT identifica com o Tala Sap ou Grande Lago da Cambódia em 13º N 104º E.

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