O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Iantana. Iantana 30(2), 31(2), 32(5), 51(1), 220(1).

Nas orações: 339, 348, 353, 357, 366, 367, 372, 378, 619, 3461.

  1. [339](Cap. 30) Como esta Raynha de Aarû se partio de Malaca para Bintão, & do que passou com el Rey do Iantana.
  2. [348](Cap. 30) E mãdãdo logo fazer prestes as suas embarcaçoẽs, se partio ao outro dia para Bintão, onde naquelle tempo estaua el Rey do Iantana, o qual, segundo se disse despois em Malaca, lhe fez muyto grandes honras, & ella lhe deu conta do que passara cõ Pero de Faria, & de quão perdidas trazia as esperanças da nossa amizade, & lhe relatou por extẽso todo o processo, & o successo do negocio.
  3. [353](Cap. 31) Da notificaçaõ que el Rey do Iantana mandou fazer ao Rey do Achem sobre o reyno de Aarû, & do que lhe elle respondeo.
  4. [357](Cap. 31) Siribi Iaya quendou pracamaa de raja, direyto Rey por successaõ de patrimonio da minha catiua Malaca, vsurpada por jugo tyrannico de força de braço na injustiça dos infieis, Rey do Iantana, & de Bintão, & dos subditos Reys de Andraguiree, & de Lingaa, a ty Siry Soltão Alaradim Rey do Achem, & de toda a mais terra de ambos os mares, meu verdadeyro irmão pela antiga amizade de nossos auòs fauorecido por sello dourado da santa casa de Meca por bom & fiel Daroez, como os datos Moulanas que por honra do profeta Noby peregrinaraõ com esteril vida os cansados dias desta miseria.
  5. [366](Cap. 32) Do que mais passou entre el Rey do Iantana, & o do Achem sobre o negocio desta embaixada.
  6. [367](Cap. 32) Despidido o Embaixador del Rey do Iãtana cõ esta resposta no mesmo dia que foy ouuido, que entre elles custuma a ser hum notauel desprezo, tornando a leuar consigo o presente, que tambem lhe não quiz aceytar, para mais abatimẽto & afronta do mesmo Embaixador que o trazia, chegou a Cãpar, onde naquelle tempo estaua o Rey do Iantana, o qual quando soube todas estas cousas, dizem que ficou tão colerico que affirmauão os seus que por algũas vezes o viraõ chorar em segredo, como homem que sintira muyto o pouco caso que o tyranno Achem fizera delle.
  7. [372](Cap. 32) As nouas desta frota que el Rey do Iantana fazia nos portos de Bintão & Campar chegaraõ logo ao tyranno Rey Achem, o qual temendo perder o que tinha ganhado, fez logo aparelhar outra de cento & oitenta vellas, fustas, lancharas, & galeotas, & quinze galès de vinte & cinco bancos, na qual fez embarcar quinze mil homẽs, os doze mil de peleja, a que elles chamão de baileu, & os mais chuzma do remo, & por general desta frota mandou o mesmo Heredim Mafamede que antes tomara este reyno, como atras fica dito, pelo ter por homem de grãdes espritos, & bem afortunado na guerra, o qual se partio com toda esta frota, & chegando a hum lugar que se dizia Aapessumhee, quatro legoas do rio de Puneticão, soube por algũs pescadores que ahy tomou, tudo o que na fortaleza, & no reyno era passado, & como Laque Xemena estaua apoderado, assi da terra como do mar esperando por elle, com a qual noua dizem que o Heredim Mafamede ficou muyto embaraçado, porque na verdade nunca lhe pareceo que os inimigos fizessem tanto em tão pouco tempo.
  8. [378](Cap. 32) E desta maneyra que tenho contado, & que puntualmente assi passou na verdade, ficou o reyno de Aarù liure deste tyranno Achem, & em poder do Rey do Iantana, atè o anno de mil & quinhentos sessenta & quatro, que o mesmo Achem com hũa frota de duzentas vellas, fingindo yr sobre Patane, deu manhosamente hũa noite no Iantana, onde o Rey então estaua, & o tomou às mãos com suas molheres & filhos, & outra muyta gente, & os leuou catiuos para sua terra, onde de todos, sem perdoar a nenhum, mandou fazer crueys justiças, & ao Rey com hum pao muyto grosso fez botar os miolos fora, & tornou de nouo a senhorear o reyno de Aarù, de que logo intitulou por Rey o seu filho mais velho, que foy o que despois mataraõ em Malaca vindoa elle cercar, sendo Capitão da fortaleza dom Lionis Pereyra filho do Cõde da Feira, que lha defendeo com tanto esforço, que pareceo mais milagre que obra natural, por ser então tamanho o poder deste inimigo, & os nossos tão poucos em sua comparação, que bem se pudera dizer com verdade que eraõ duzentos Mouros para cada Christão.
  9. [619](Cap. 51) respondeo, que porque despois que fora Christão, fora sempre muyto desprezado dos Portugueses, porque onde antes, quãdo era Gentio, lhe fallauão todos co barrete na maõ, chamãdolhe Quiay Necodà, que era nomealo senhor capitaõ, despois que se fizera Christaõ, vieraõ a fazer pouca conta delle, & que se fora fazer Mouro em Bintaõ, onde despois de o ser, el Rey do Iantana, que se achara presente, o tratara sempre com muyta honra, & os Mandarins todos lhe chamauão irmaõ, pelo que prometera, & assi o jurara no liuro das flores, que em quanto viuesse seria inimicissimo da naçaõ Portuguesa, & de todo o mais genero de homem que professasse a ley Christam, o que el Rey & o caciz Moulana lhe louuaraõ muyto, dizendo que se tal fizesse lhe segurauão ser sua alma bemauenturada.
  10. [3461](Cap. 220) E aos tres dias da nossa viagem chegamos a hũa ilha que se dezia Pullo pisaõ jà quasi na boca do estreito de Sincaapura, onde o piloto, por ser nouo naquella carreyra varou enfunado na vella por cima de hũa restinga de pedras, com que de todo estiuemos perdidos sem nenhũ remedio, pelo que foy forçado, por conselho de todos, yr o padre mestre Belchior em hũa manchua pedir socorro de batel & marinheyros a hũ Luis Dalmeida que auia duas horas que em hum nauio tinha passado auante, & estaua surto daly duas legoas por respeito do vento que lhe era contrario; na qual yda & distancia de caminho o padre cõ dous irmaõs & eu que com elle hiamos corremos assaz de risco & trabalho, porque como a terra toda estaua de guerra, por que era do Rey do Iantana, neto que fora del Rey de Malaca muyto nosso inimigo, os seus baloẽs & lancharas que andauão ahy darmada, nos vieraõ sempre ladrando com fundamẽto de nos abalroarem, mas permitio nosso Senhor que o não puderaõ fazer.

Iãtana 32(1), 207(1).

Nas orações: 367, 3167.

  1. [367](Cap. 32) Despidido o Embaixador del Rey do Iãtana cõ esta resposta no mesmo dia que foy ouuido, que entre elles custuma a ser hum notauel desprezo, tornando a leuar consigo o presente, que tambem lhe não quiz aceytar, para mais abatimẽto & afronta do mesmo Embaixador que o trazia, chegou a Cãpar, onde naquelle tempo estaua o Rey do Iantana, o qual quando soube todas estas cousas, dizem que ficou tão colerico que affirmauão os seus que por algũas vezes o viraõ chorar em segredo, como homem que sintira muyto o pouco caso que o tyranno Achem fizera delle.
  2. [3167](Cap. 207) E foy isto em tanto crecimento que o Rey do Iãtana filho que fora do antigo Rey de Malaca, que então residia em Andraguiree porto seu na ilha Çamatra, sendo auisado disto que entre nòs se dezia, se veyo logo com hũa frota de trezentas vellas meter no rio Muhar seis legoas da nossa fortaleza, dõde despidio algũs baloẽs de remo por toda a costa, a saber a certeza disto que se soaua, com tençaõ de tanto que tiuesse noua certa de ser verdade isto que elle assaz desejaua, se meter logo em Malaca, o que segundo a cousa então estaua de sy prometendo, parece que pudera fazer muyto facilmẽte, & cõ custo de muyto pouco sangue.

(2) Objecto geográfico interpretado

Reino. Parte de: Insulíndia.

Reino. GT s.v. Ujantana situa-o no extremo sueste da península Malaia, o rio Johor a Oeste, estreito de Singapura ao Sul, rio Sedili Besar a Norte.

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