O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

ilha do fogo. ilha do fogo 138(1), 140(1).

Nas orações: 1899, 1918.

  1. [1899](Cap. 138) Os poucos que escapamos deste miserauel naufragio, que naõ forão mais que vinte & quatro, a fora algũas molheres, tanto que a menham foy clara conhecemos que a terra em que estauamos era do Lequio grande, pelas mostras da ilha do fogo & a serra de Taydacão, & ajuntandonos todos assi feridos como estauamos de muytas cutiladas das ostras & das pedras que auia na restinga, encomendandonos a nosso Senhor com muytas lagrimas, começamos a caminhar metidos na agoa até os peitos, & alguns lugares atrauessamos a nado, & desta maneyra caminhamos cinco dias cõtinuos com tanto trabalho quanto a mesma cousa dâ a entender, sem em todos elles acharmos cousa que comessemos senão algũs limos do mar, & no fim destes dias prouue a nosso Senhor que chegamos a terra, & caminhando pelo mato, nos deparou a diuina prouidencia o mantimento de hũas eruas que nesta nossa terra se chamão azedas, de que comemos tres dias que ali estiuemos, até que fomos vistos de hum moço que andaua guardando gado, o qual tãto que nos vio, corrẽdo pela serra acima foy dar rebate de nòs a hũa aldea que estaua daly hum quarto de legoa, o que sabido pelos moradores della, apellidarão logo toda a comarca com grande vozaria de tambores, & buzios, de maneyra que em espaço de tres ou quatro horas se ajũtaraõ passante de duzentas pessoas, de que os quatorze eraõ de cauallo, & tanto que ouueraõ vista de nós se diuidirão em dous magotes, & se vierão direytos a nós, o nosso capitão vendo este triste & miserauel estado em que a desauentura nos tinha posto, se assentou em joelhos & com muytas palauras nos começou a animar, & lembramos que nenhũa cousa se mouia sem a vontade diuina, pelo que como Christãos deuiamos de entender que nosso Senhor se auia por seruido de ser aquella a nossa hora derradeyra, & que pois assi era, nos conformassemos todos com a sua vontade, tomando com muyta paciencia da sua mão aquella tão desestrada morte, pedindolhe de todo nosso coração & com muyta efficacia perdão dos peccados da vida passada, porque elle confiaua em sua misericordia, que gemendo nós todos, como a sua santa ley nos obrigaua, se não lembraria delles naquella hora, & leuantando com isto as mãos & a voz ao ceo, disse por tres vezes, com muytas lagrimas, Senhor Deos misericordia, com as quais vozes se leuantou em todos hũa tamanha grita de hum Christaõ & deuoto pranto, que com verdade posso affirmar que o que então menos se sentia era aquillo que naturalmente mais se teme.
  2. [1918](Cap. 140) & nos lhe respondemos, que por sermos mercadores, & termos por officio tratar cõ nossas fazendas, nos embarcaramos no reyno da China do porto de Liãpoo para Tanixumaa, onde jâ tinhamos ido algũas vezes, & que sendo tanto auãte como a ilha do fogo nos dera hũa tamanha tormenta que não podendo pairar o mar, nos fora forçado correr em popa ao som do vẽto tres dias com suas noites, no fim dos quais vararamos co junco por cima da restinga de Taidacão, onde de nouenta & duas pessoas que eramos se afogaraõ logo as sessenta & oito, & nòs os vinte & quatro que aly via diante de sy, nos saluara Deos milagrosamente, sem outra cousa mais que sós aquellas chagas que via nos nossos corpos.

(2) Objecto geográfico interpretado

Ilha. Parte de: Lequios.

Ilha. FMP situa-a com claridade: “conhecemos que a terra em que estauamos era do Lequio grande, pelas mostras da ilha do fogo & a serra de Taydacão”. GT “Ilhéu do Tung Hai”, “um dos Volcano” 30º 20′ N, 121º 55′ E. FMPP (vol. 4, p. 21) dá como possível Nakano-shima ou Suwanose-shima. Em ambos casos a identificação tem a dificuldade de que FMP situa com claridade a Ilha do Léquio Grande, na minha opinião e conforme também informa GT s.v. Léquia, a Formosa. A descrição de FMP outorga-lhe umas dimensões (353i) que apenas se adaptam a Taiwan. Isto não entra em contradição, mais bem reforça, a caracterização do Ryūkyū com as ilhas léquias como também refere Pinto , a Formosa é, na descrição de FMP, a primeira e a maior do arquipélago que continua a 125 km com a Yonaguni (24º 27′ N, 122º 59′ E). A serra Taydacão percorre a ilha de Norte a Sul e ilha de fogo, portanto, possivelmente a Guisham em 24º 50’ 31’’ N, 121º 57’ 6’’ E.

Voltar ao índice de entidades