O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Miacoo. Miacoo 112(1), 143(1), 210(1), 223(2).

Nas orações: 1500, 1985, 3237, 3535.

  1. [1500](Cap. 112) E esta seita com todas as mais que se achão neste barbarismo da China, que, segundo eu soube delles, & ja disse algũas vezes, saõ trinta & duas, vieraõ do reyno de Pegù ter a Sião, & daly por sacerdotes & cabizondos se espalharaõ por toda a terra firme de Cãboja, Champaa, Laos, Gucos, Pafuas, Chiammay, imperio de Vzanguee, & Cauchenchina, & pelo arcipelago das ilhas de Ainão, Lequios, & Iapaõ, ate os confins do Miacoo & Bandou, de maneyra que a peçonha destes erpes corrõpeo tamanha parte do mũdo como a maldita seita de Mafamede.
  2. [1985](Cap. 143) Tem serras de que se tira muyta quãtidade de cobre, o qual por ser muyto, vai entre esta gẽte tão barato, que de veniaga carregão juncos delle para todos os portos da China, & Lamau, Sumbor, Chabaquee, Tosa, Miacoo, & Iapaõ, com todas as mais ilhas que estão para a parte do Sul, de Sesirau, Goto, Fucanxi, & Pollem.
  3. [3237](Cap. 210) O Faxiandono então lhe propos suas razoẽs, & a primeyra dellas foy, que quãto aos bonzos serem santos naõ auia que duuidar, pois viuião toda a vida em religiaõ agradauel a Deos, & gastauão a mayor parte da noite em rezar pelos que lhe deixauão o seu, & guardauaõ perpetua castidade, & não comião peixe fresco, & curauão os doẽtes, & insinauaõ os filhos dos homẽs a bõs custumes, & pacificauão os Reys em suas discordias, paraque os pouos viuão quietos, dauão cuchimiacòs recambiados por letra para o Ceo, para lâ todos os mortos serem ricos, & terem muyto de seu, & sustentauão de noite cõ suas esmolas as almas que chorando lhe pedião conselho nas afliçoẽs & trabalhos que padeciaõ por serem pobres, & tinhaõ graos nos collegios do Bãdou, confirmados pelos Cubucamâs & groxós do Miacoo, & sobre tudo eraõ muyto amigos do Sol, das estrellas & dos santos do Ceo para fallar, sempre de noite com elles, & telos muytas vezes nos braços, & a este modo disse outros muytos desatinos, em algũs dos quais falou a el Rey cõ tanta colera, que por quatro vezes lhe chamou foxidehusa, que quer dizer, peccador cego sem olhos.
  4. [3535](Cap. 223) E queixãdome eu disto a algũs meus amigos no Miacoo donde venho, me certificaraõ que só vossa alteza me podia agora nisto ser bõ, pelo que senhor lhe peço que auendo respeito a estas cãs, Miacoo donde venho, me certificaraõ que só vossa alteza me podia agora nisto ser bõ, pelo que senhor lhe peço que auendo respeito a estas cãs, & a esta velhice, & a ter eu muytos filhos & muyta pobreza, me queira valer em meu desãparo, porque nisto que lhe peço a mim farà grãde esmola, & aos Chẽchicos que agora vierão nesta nao grãde merce, porque esta minha mercadaria lhe arma a elles mais que a outrẽ ninguẽ pela grãde aleijão em que se vẽ cõtinuamẽte.

Miocoo 107(1), 208(3), 224(1).

Nas orações: 1402, 3191, 3192, 3194, 3556.

  1. [1402](Cap. 107) Esta cidade do Pequim de que promety dar mais algũa informaçaõ da que tenho dada, he de tal maneyra, & tais saõ todas as cousas della, que quasi me arrependo do que tenho prometido, porque realmente não sey por onde comece a cumprir minha promessa, porque se não ha de imaginar que he ella hũa Roma, hũa Constantinopla, hũa Veneza, hum Paris, hum Londres, hũa Seuilha, hũa Lisboa, nem nenhũa de quantas cidades insignes ha na Europa por mais famosas & populosas que sejão, nem fora da Europa se ha de imaginar que he como o Cairo no Egypto, Taurys na Persia, Amadabad em Cambaya, Bisnagà em Narsinga, o Gouro em Bẽgala, o Auaa no Chaleu, Timplaõ no Calaminhan, Martauão & Bagou em Pegù, ou Guimpel & Tinlau no Siammon, Odiaa no Sornau, Passaruão & Demaa na ilha da Iaoa, Pangor no Lequîo, Vzanguee no graõ Cauchim, Lançame na Tartaria, & Miocoo em Iapaõ, as quais cidades todas saõ metropolis de grandes reynos, porque ousarey a affirmar que todas estas se não podem comparar com a mais pequena cousa deste grãde Pequim, quanto mais com toda a grandeza & sumptuosidade que tem em todas as suas cousas, como saõ soberbos edificios, infinita riqueza, sobejissima fartura & abastança de todas as cousas necessarias, gente, trato, & embarcaçoẽs sem conto, justiça, gouerno, corte pacífica, estado de Tutoẽs, Chaẽs, Anchacys, Aytaos, Puchancys, & Bracaloẽs, porque todos estes gouernão reynos & prouincias muyto grandes, & cõ ordenados grossissimos, os quais residem continuamente nesta cidade, ou outros em seu nome, quando por casos que soccedem se mandão pelo reyno a negocios de importancia.
  2. [3191](Cap. 208) A este padre Cosme de Torres deixou agora o padre mestre Francisco neste reyno & cidade de Firando, & acompanhado destoutro padre Ioaõ Fernandez se partio para a cidade do Miocoo, que he no mais oriental de toda a ilha Iapaõ, porque foy informado que ahy residia dassento o seu Cubumcamaa que he o supremo no seu sacerdocio, & com elle outras tres dignidades que se intitulão em Reys, das quais cada hũa por sy distintamente entende no gouerno da justiça, & da guerra, & no bem da Republica, no qual caminho passou muytos & muyto grãdes trabalhos pela aspereza assi das serranias como do tempo em que foy que era já no inuerno, & em clima de quarẽta graos, onde os frios, as chuuas, & os ventos saõ de maneyra que não ha quẽ os possa sofrer, & elle hia muyto falto do que era necessario, assi para isto, como para sustentar a vida, & em alguns passos que estauão pelos caminhos, em que os estrangeyros não podião passar sem pagarem hum certo tributo, elle porque não leuaua cõ que o pagasse passaua por homẽ de pè de algum homem nobre que no caminho se lhe offerecia, pelo qual lhe era necessario, para poder passar em saluo, aturar o andar da caualgadura daquelle a quem acompanhaua.
  3. [3192](Cap. 208) Chegado em fim a esta insigne cidade Miocoo, metropoli de toda aquella Monarchia da nação Iapoa; se não vio como quisera com este Cubumcamaa, por lhe pedirem por isso cem mil caixas, que eraõ seiscẽtos cruzados, de que se elle por algũas vezes mostrou muyto magoado de os não ter para effeituar isto que tanto desejaua.
  4. [3194](Cap. 208) E vendo o padre o pouco fruito que fazia nella, por não gastar o tẽpo debalde, se passou desta cidade do Miocoo para a do Sicay, que era daly dezoito legoas, & aly se tornou a embarcar para o reyno de Firando, onde deixara o padre Cosme de Torres, no qual se deteue mais algũs dias, porẽ estes não os gastou em descãçar dos trabalhos passados, mas em se offerecer a outros mayores de nouo.
  5. [3556](Cap. 224) Chegando nos ao primeyro terreyro do paço, achamos nelle a el Rey que estaua em hũ baileu, ou cadafalso que para isso se mãdara fazer, acompanhado de todos os nobres do reyno, & entre elles tres embaixadores de reynos estranhos, hum de el Rey dos Lequios, outro do Cauchim & ilha da Tosa, & outro do Cubucamá Emperador do Miocoo.

(2) Objecto geográfico interpretado

Cidade (metrópole, porto). Parte de: Iapaõ.

Referente contemporâneo: Kyoto Prefecture, Japan (AS). Lat. 35.250000, long. 135.433330.

Cidade. Miocoo é referida como cidade (cap. 208), metrópole (caps. 107, 208) e sé do Emperador (cap. 224). GT s.v. Miaco, cidade de (II): Quioto, 34º 53′ N, 135º 30′ E. FMPP (vol. 4, p. 26) s.v. Miocoo: Kyoto. Cf. Miacoo refere-se a um espaço mais amplo, a região ou ilha pelo que mais do que uma variante registamos como forma independente.

Voltar ao índice de entidades