O lugar no contexto

(1) Entidade geográfica mencionada

Paacem. Paacem 17(2), 18(1), 22(1), 26(1), 31(1), 206(1).

Nas orações: 188, 190, 194, 256, 309, 362, 3160.

  1. [188](Cap. 17) O Rey Bata pondo em conselho isto que lhe tinhão dito estes pescadores, lhe aconselharaõ os seus que em todo caso se deuia de tornar, visto não estar o tempo para elle poder esperar mais hũa só hora, assi porque o poder do inimigo era ja então muyto mayor que o seu, como pelo socorro que ainda esperaua de Peedir, & de Paacem, em que se affirmaua que vinhaõ dez naos de gente estrangeyra.
  2. [190](Cap. 17) E chegando daly a cinco dias a Panaajù, despidio toda a gente assi natural como estrangeyra, & se foy pelo rio acima em hũa lanchara pequena, sem querer leuar comsigo mais que dous ou tres homẽs, & foy ter a hum lugar que se dizia Pachissarù, no qual esteue encerrado catorze dias, a modo de nouenas, em hum pagode de hum idolo que se chamaua Guinasseroo, deos da tristeza, & tornado para Panaajù, me mãdou chamar, & ao Mouro que feytorizaua a fazenda de Pero de Faria, ao qual esteue miudamente perguntando pela venda della, & se lhe ficauaõ deuendo algũa cousa, porque lho mandaria logo pagar, a que o Mouro & eu respondemos que com as merces & fauores de sua alteza tudo se nos fizera muyto bem feito, & que os mercadores tinhão ja pago tudo sem ficarẽ deuẽdo nada, & que o Capitão lhe seruiria aquella merce cõ muyto cedo o vingar daquelle inimigo Achem, & lhe restituyr as terras que lhe elle tinha tomado: ao que el Rey, despois de estar hum pouco pẽsatiuo co que me ouuira, respondeo, Ah Portuguez, Portuguez, rogote que não faças de mim tão necio, ja que queres que te responda, que cuyde que quẽ em trinta annos se não pode vingar a sy, me possa socorrer a mim, porque como o Rey de vos outros, & os seus Gouernadores, não castigaraõ este inimigo, quãdo vos tomou a fortaleza de Paacem, & a Galè que hia para Maluco, & as tres naos em Quedà, & o Galeaõ de Malaca em tempo de Garcia de Sà, & as quatro fustas despois em Salangor, com as duas naos que vinhão de Bẽgala, & o junco, & o nauio de Lopo chanoca, & outras muytas embarcaçoẽs que agora me não vem à memoria, em que me affirmaraõ que matara mais de mil de vosoutros, a fora a presa riquissima que tomou nellas, logo foy para elle me destruyr a mim, & eu ter muyto poucas esperanças em vossas palauras, bastame ficar como fico, cõ tres filhos mortos, & a mayor parte do meu reyno tomada, & vos na vossa Malaca não muyto seguros.
  3. [194](Cap. 18) E elle me tornou dizendo, folgo de ser assi, & ja que não tẽs mais que fazer, rezão serà que te vás, & que não percas tempo, assi por ser ja fim da monção, como pelas calmarias que podes achar no golfaõ, que muytas vezes saõ causa de alguns nauios irem ter a Paacem, donde te Deos guarde, porque te affirmo que se por mofina lá fosses ter, que viuo te comessem os Achẽs aos bocados, & o proprio Rey mais que todos, porque a honra de que agora mais se preza, & que traz por timbre de todos os seus titulos, he bebedor do turuo sangue estrangeiro dos malditos cafres, sem ley, do cabo do mundo, vsurpadores, por summo grao de tyrannia, de reynos alheyos nas terras da India, & ilhas do mar, de que os seus todos fazẽ grande caso.
  4. [256](Cap. 22) E dandome então conta com assaz de tristeza, como quem desabafaua comigo do grande trabalho em que estaua, & da grandissima afronta em que se via, me disse que tinha ja cinco mil homẽs Aarûs, sem mais socorro doutra gente nenhũa, com quarenta peças de artilharia miuda, antre falcoẽs & berços, em que entraua hũa meya espera de metal, que antigamente lhe vendera hũ Portuguez que fora almoxarife da fortaleza de Paacem, por nome Antonio Garcia, o qual despois Iorge de Albuquerque mandou esquartejar em Malaca, por se cartear com el Rey de Bintão num certo modo de traição que cometia.
  5. [309](Cap. 26) Os Achẽs logo em chegando começaraõ a bater a cidade, & abateraõ por espaço de seis dias com muytas peças de artilharia, porem os de dentro a defenderaõ valerosamente, inda que foy com algum sangue, assi de hũa parte como da outra, pelo que foy forçado ao Heredim Mafamede mandar desembarcar toda a gente em terra, & assestando doze peças grossas de camellos & esperas, lhe deraõ cõ ellas tres batarias muyto grãdes, nas quais lhe derrubaraõ hũ dos dous baluartes que defendião a entrada do rio, & por elle, cõ ballas de algodão que leuauãe diãte, o cometeraõ hũa antemenham, sendo Capitão deste assalto hũ Abexim por nome Mamedecão, que viera de Iudà auia menos de hum mès assentar & jurar a noua liga & contrato que o Baxà do Cayro em nome do Turco tinha assentado co Rey do Achem, no qual lhe elle daua casa de feitoria no porto de Paacem.
  6. [362](Cap. 31) Eu o Soltão Alaradim Rey do Achem, de Baarròs, de Peedir, de Paacem, & dos senhorios de Dayaa, & Batas, principe de toda a terra de ambos os mares Mediterraneo & Oceano, & das minas de Menamcabo, & do nouo reyno de Aarù, com justa causa agora tomado, a ty Rey cheyo de festa com desejo de duuidosa herança, vy tua carta escrita em mesa de voda, & pelas inconsideradas palauras della conhecy a bebedice dos teus conselheyros, â qual não quisera responder, se mo não pediraõ os meus, pelo que te digo que me não desculpes diante de ty, que te confesso que tal louuor não quero, & quanto ao reyno de Aarù não falles nelle, se queres ter vida, basta mandalo eu tomar, & ser meu, como muyto cedo serâ esse teu.
  7. [3160](Cap. 206) Despois disto se tomou tambem hum paraoo em que vinhaõ quinze Achẽs, os quais metidos a tormẽto confessaraõ que na briga foraõ mortos com a gente que se afogara, passante de quatro mil homẽs, de que a mayor parte foy gente limpa & criados do Rey do Achem, & os quinhentos delles eraõ Orabaloẽs de manilha douro, que saõ fidalgos, & morreraõ sessenta Turcos & vinte Gregos & Ianiçaros que auia poucos dias que em duas naos eraõ vindos de Iudaa a Paacem.

Pacem 13(1), 20(1).

Nas orações: 143, 227.

  1. [143](Cap. 13) Durou a quietaçaõ desta paz por tempo de sós dous meses & meyo, em que ao Achem vieraõ trezentos Turcos, porque esperaua do estreito de Meca em quatro naos de pimenta que lâ tinha mandado, & muytos caixoẽs de espingardas & armas, com algũas peças de artilharia de bronzo, & de ferro coado, cõ os quais o Achem, & com outra mais gente que ainda tinha cõsigo, fingindo yr a Pacem prender hum Capitão que se lhe leuantara, veyo sobre dous lugares do Bata, que se chamauão Iacur & Lingau, & como os achou descuydados pelas pazes que eraõ feitas auia tão poucos dias, os tomou muyto facilmente, com morte de tres filhos do Bata, & setecentos Ouroballoẽs, que he a milhor gente, & a mais fidalga de todo o reyno.
  2. [227](Cap. 20) Tambem o informey da pescaria do aljofre, que està entre Pullo Tiquòs, & Pullo Quenim, donde os Batas o leuauão antigamente a Pacem, & Peedir, que os Turcos do estreyto de Meca, & as naos de Iudaa ahy lhes comprauão a troco de outras mercadorias que trazião do Cayro, & dos portos de toda a Arabia Felix.

(2) Objecto geográfico interpretado

Porto (fortaleza). Parte de: Çamatra.

Referente contemporâneo: Kota Lhokseumawe, Indonesia (AS). Lat. 5.133330, long. 97.066670.

Reino, cidade, porto. GT s.v. Pacem, porto de: Passay, Paser, Pasei, Pacé; 5º 10′ N, 97º 12′ E, no noroeste de Samatra. Alves (1997: 13-4, 36-7, 92-3): tomado pelos Achens. DHDP s.v. Achem: Pasei 5º 10′ N, 97º 15′ E. Thomaz (2002: 27): “Pasai, no extremo norte de Samatra, 5º 10’ N, 97º 12’ E”. Daniel Perret (FMPP: vol. 3, p. 51): sultanato conquistado pelo Achem, capital perto da actual cidade de Lhokseumawe.

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